Vamos começar a série falando sobre a Grécia, falando um pouco sobre mitologia grega, mais especificamente a criação do mundo. Esse vídeo pode gerar uma série mais longa de vídeos no canal no futuro. A gameplay é do jogo Titan Quest, que se passa nesse mundo da mitologia grega. A fonte de informações é o livro The Age of Fable de Thomas Bullfinch, a versão brasileira do livro sendo conhecida como O Livro de Ouro da Mitologia.
Origem do Mundo e dos Deuses
No começo de
tudo, antes que a terra, o mar e o céu fossem criados, tudo era Caos, uma massa
confusa e sem forma, com nada a não ser peso morto que, no entanto, continha a
semente para todas as coisas. Terra, mar e céu estavam misturados: a terra não
era sólida, o mar não era fluído e o ar não era transparente. Então surgiram
Gaia (a Terra), o Tártaro e Eros. Do Caos, nasceram Érebo e Nyx,
personificações da Noite; dos dois, nasceram Éter, a atmosfera respirada pelos
deuses, e Hemera, personificação do dia. Gaia pariu de si mesma Urano, o Céu
Estrelado que a cobriria por completo, as Óreas, que são as montanhas, e Ponto,
o deus do mar pré-olímpico. Do coito com Urano pariu doze titãs: Oceano, Coios,
Crios, Hipérion, Jápeto, Teia, Reia, Têmis, Memória, Feve, Têtis e Cronos (não
confundir com Crono), esse último a pior das crias.
Após isso,
Gaia daria à luz aos ciclopes, Brontes (trovão), Steropes (raio) e Arges
(brilho). Eles tinham um olho na testa e força, vigor e violência na ação.
Depois, nasceram três Hecatônquiros (Hecatonchires em inglês, sim, o mesmo da
Vanille do Final Fantasy XIII), monstros de cem braços de nome Cotos, Brirareu
e Giges. Esses foram os filhos mais terríveis de Gaia e Urano, que os escondeu
nas profundezas da terra. Gaia, ofendida, convocou os filhos e pediu para que
eles punissem o pai. Cronos se propôs a fazer isso.
Gaia colocou
Cronos oculto, deu-lhe uma foice e passou o plano. Chegou Urano desejando amor
pairando sobre Gaia. Cronos saiu do esconderijo e castrou o pai e do sangue de
Urano nasceram as Erínias (as Fúrias), os Gigantes e as Melíades. Cronos
arremessou o pênis de Urano no mar e daí nasceu Afrodite, a deusa do amor.
Zeus, apesar de pai dos deuses, também teve um início, sendo filho dos titãs
Cronos/Saturno (não confundir com Crono) e Réia, que surgiram do caos
primordial.
Os Titãs eram
deidades oriundas do caos que governavam o mundo até serem derrubadas pelos
deuses liderados por Zeus. Zeus tomou o lugar de Cronos, Poseídon o de Oceanus,
Apolo o de Hipérion. Cronos é o deus do tempo que devora as suas próprias crias
(como o tempo realmente faz). Zeus e os seus irmãos se rebelaram contra Cronos
e os venceram na guerra dos titãs, terminando por aprisiona-los no Tártaro e
impondo uma série de punições, como a de Atlas, que devia segurar o peso do céu
nos ombros.
Vencidos os
Titãs, Zeus, Poseídon e Hades dividiram o espólio, Zeus ficando com o céu,
Poseídon com o mar e Hades com o mundo inferior. Zeus era o rei dos deuses e
homens, o trovão era a sua arma e Égide o seu escudo (sim, o mesmo escudo que
aparece em Final Fantasy) e sua esposa se chamava Hera. Ares, filho de Zeus e
Leto, deusa do anoitecer, era o deus da guerra, Apolo deus do tiro com arco, da
música e da profecia. Sua irmã, Artemis, era a deusa da lua e ele o deus do
sol. Afrodite, a deusa do amor, foi dada de presente por Zeus ao horrendo, em
aparência, Hefesto por gratidão de serviços prestados, logo, temos a mais bela
deusa com o mais feio dos deuses. Atena, Minerva na Mitologia Romana, era a deusa
da sabedoria, é filha de Zeus sem mãe, surgindo da testa de Zeus. Mercúrio,
Hermes na Mitologia Romana, era o deus das transições e das fronteiras e tinha
como um de seus atributos correr como o vento. Dionísio, Baco na Mitologia
Romana, filho de Zeus e Semele, era o deus do vinho, representando não apenas o
lado intoxicante, mas também seus benefícios sociais.
O livro Idade
da Fábula segue descrevendo várias outras divindades, mas as principais e as
relacionadas com Final Fantasy são essas.
Visão de mundo
Nos
primórdios, os gregos acreditavam que o mundo era plano e que, obviamente, eles
estavam no centro do mundo, o ponto central podendo ser o Monte Olimpo ou
Delfos. O disco da Terra era dividido de leste a oeste pelo Mar, como eles
chamavam o Mediterrâneo, e sua continuação, o Euxino, os únicos mares que eles
conheciam. Ao redor da Terra, fluía o Rio Oceano, seu curso indo de sul a norte
na parte oeste e de norte a sul na parte leste. Os mares e rios recebiam águas
do Rio Oceano. Ao norte, vivia uma raça chamada de Hiperbóreos, que viviam em
uma eterna primavera perto das montanhas e das cavernas que sopram o Vento
Norte que gela os hélas (gregos). A terra era inacessível por mar ou terra e
viviam sem doença, velhice ou guerras. Ao sul, vivia outro povo chamado de
etiópios, não sei se tem alguma relação direta com os etiópios dos dias de
hoje. Ao oeste, estavam os Campos Elísios, onde mortais favorecidos pelos
deuses eram levados sem morrer para gozar de uma bem-aventurança eterna.
Ou seja, os
gregos no início da civilização não tinham ideia de quem eram seus vizinhos.
Nas áreas que eles não conheciam, supunham ser povoado por seres mágicos como
gigantes e monstros. Também sem conhecerem o que de fato acontecia, acreditavam
que o Sol, a Lua e as estrelas surgiam do Oceano ao oeste e viajam pelo céu até
o leste. A casa dos deuses é acima do Monte Olimpo na Tessália, mantido
escondido por um portão de nuvens. O lugar realmente existe, mas até hoje não
há relatos de alguém ter encontrado deuses. Cada deus tem a sua morada, mas
todos vão ao Olimpo quando invocados por Zeus. A cada dia, os deuses
banqueteavam com ambrósia e néctar no salão do palácio enquanto conversavam
sobre assuntos terrenos e celestiais, com a música da arpa de Apolo e o canto das
musas. Festão, hein? Quando o sol se punha, os deuses iam embora dormir em suas
moradas.
As roupas dos
deuses eram feitas por Atena e pelas as Graças. Hefesto, filho de Hera e Zeus,
era o ferreiro dos deuses, tendo construído em bronze as casas dos deuses e de
ouro fez os sapatos. Fez de bronze os corcéis que moviam as carruagens que
moviam os deuses pelo céu ou por sobre as águas e que podiam se mover por conta
própria. Também dotou de Inteligência as servas de ouro que foram criadas para
servi-lo.
Criação do homem
O homem seria
criado pelo titã Prometeu, que juntou terra e água e criou o homem à imagem dos
deuses, com uma postura ereta para que, diferente dos animais, ele olhasse para
o céu e as estrelas, e não a terra. Prometeu era um dos titãs, uma raça de
gigantes que existia antes dos deuses. Cabia a ele e seu irmão, Epimeteu, a
tarefa de criar o homem e dar a eles e a todos os animais o necessário para sua
preservação. Epimeteu se encarregou dos animais, dando a cada um atributos de
coragem, força, velocidade etc. e também garras, penas, cascas e etc. Chegando
no homem, já não sobrou mais nada para dar e ele recorreu à Prometeu, que com o
auxílio de Atena acendeu a tocha da carruagem de fogo e levou ao homem. Com o
fogo, o homem conseguiu superar os animais, criando armas, ferramentas e
aquecimento.
Prometeu é
representado como um amigo da humanidade, que defendeu os homens e ensinou a
civilização e as artes, porém, com isso desobedecendo Zeus. O mito diz que
Prometeu foi acorrentado no Cáucaso, com um abutre lhe arrancando o fígado, que
se renova conforme é consumido. Poderia acabar a tortura a qualquer momento se
resignando a Zeus, porém, Prometeu não quis fazê-lo. Prometeu é um símbolo de
resistência ao sofrimento e força de vontade de resistir à opressão.
A mulher
ainda não foi criada e o mito diz que Zeus criou e mandou para o homem como
forma de punição pelo roubo do fogo, mas a título de presente. A mulher se
chamava Pandora, criada no céu com cada deus contribuindo para aperfeiçoá-la.
Afrodite a deu beleza, Hermes persuasão, Apolo a música e assim por diante. Ela
foi mandada para Epimeteu, que aceitou o convite apesar dos alertas de Prometeu
quanto aos presentes de Zeus. Epimeteu tinha um jarro (não uma caixa), cheio de
atributos nocivos que ele não colocou no homem. Tomada de curiosidade, Pandora
olhou para dentro do jarro, fazendo com que esses elementos – inveja, cobiça,
doenças etc. - saíssem do jarro e se espalhasse entre os homens. Pandora tentou
fechar o jarro, mas já era tarde demais. Mas, no fundo, restou ainda a
esperança, de forma que, seja lá qual mal se abata aos homens, sempre ainda
resta esperança.
Outra
estória, talvez mais plausível, é de que Pandora foi mandada de boa-fé e o
jarro como um presente de casamento. Ao abrir o jarro, todas as bênçãos
escaparam, exceto a esperança. Faz mais sentido a esperança estar junto com
bênçãos do que males.
A história
era dividida em três eras. A Era de Ouro foi a era de inocência e felicidade,
onde verdade e justiça prevaleciam, sem ser necessário fazer cumprir leis. As
florestas estavam intactas, as cidades não tinham sido fortificadas, não havia
armas e a terra dava ao homem tudo que era necessário sem a necessidade de arar
ou semear a terra. A primavera era eterna, flores floriam sem sementes, o rio
fluía como leite e mel surgia do carvalho.
Em seguida,
veio a Era de Prata, onde as quatro estações foram criadas, forçando os seres
vivos a suportarem extremos de temperatura, e o homem se viu obrigado a arar e
semear a terra. Depois veio a Era de Bronze, pior do que a de Prata, culminando
na Era de Ferro, com uma explosão nos crimes, falsidades e destruição da
natureza. Ferro e ouro passaram a ser produzidos e começaram as guerras. Os
deuses abandonaram a terra, a última a partir sendo Astréia, Deusa da Inocência
e da Pureza, filha de Têmis, Deusa da Justiça.
Vendo esse
estado de coisas, Zeus convoca um concílio, em um palácio passando pela Via
Láctea. Zeus decide destruir o mundo e popular novamente a terra com seres mais
dignos e melhores adoradores dos deuses. A ideia inicial era jogar trovões, mas
temendo que isso pudesse colocar o céu em chamas, resolveu inundar o mundo com
chuvas e maremotos. O vento norte, que espalha as nuvens, foi encadeado: o
vento sul foi solto e logo cobriu todo o céu e espalhou a escuridão pelo mundo.
As nuvens romperam em chuvas e destruí lavouras e construções humanas. Não
satisfeito com as suas águas, Zeus pediu auxílio a Poseídon, que soltou os rios
e os lançou à terra. Toda a terra se cobriu de água e deixaria poucos
sobreviventes entre homens e animais terrestes.
O Parnaso
sobreviveu acima das ondas. E lá, Deucalião e Pirra, descendentes de Prometeu e
fiéis adoradores dos deuses, ficaram como os únicos sobreviventes. Vendo apenas
esses dois sobreviventes, Zeus ordenou que as nuvens dispersassem e Poseidon
ordenou que os mares e rios retornassem. Deucalião e Pirra se voltam para um
templo procurando as orientações dos deuses. Lá, uma deusa esclareceu o que
eles deveriam fazer, que é sair do templo com a cabeça coberta e as vestes
desatadas e depois atirar os ossos de seus antepassados. Pirra se recusou a
profanar os restos de seus pais. Depois de refletir, Deucalião pensou que eles
poderiam seguir essa ordem, jogado pedras, os ossos da terra, a mãe comum de todos.
Eles assim fizeram e o resultado foi que as pedras arremessadas começaram a
tomar forma semelhante à humana, mas ainda disforme como um barro. Passado
algum tempo, as pedras arremessadas por Deucalião viraram homens e as pedras
arremessadas por Pirra em mulheres. E essa é a origem da atual humanidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário