sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

O que esperar no aniversário de 30 anos de Final Fantasy?



Dia 31 de janeiro teremos uma apresentação da Square-Enix para apresentar os planos para a comemoração dos 30 anos de Final Fantasy. Nesse texto, vou compartilhar algumas opiniões e previsões para o evento e para os 30 anos de FF. Normalmente faria um post no Facebook sobre isso, mas, como seria grande demais, coloco aqui no blog. A divisão abaixo é em parte por ordem de probabilidade, mas vou procurar juntar temas em comum também.

Muito improvável
O que a maioria das pessoas está esperando é notícias sobre Final Fantasy VII Remake. Acho improvável, já que o diretor do jogo, Tetsuya Nomura, já disse que precisa de mais tempo antes de compartilhar mais informações sobre o jogo e consta que ele não estará presente no evento. O projeto será lembrado, talvez mostrem um trailer antigo, mas não acho que vamos ter coisa nova.

Também acho improvável a segunda coisa mais esperada, que é Final Fantasy XVI. Acho que, se o projeto estiver pronto para ser revelado, será mostrado em um evento maior como a E3. A Square-Enix não está fazendo tanto hype para o evento, então, acho bom manter as expectativas baixas, mas no campo do provável e possível temos muitas coisas boas ainda. Para fãs deve ter coisa boa, mas coisas que animariam um público maior (FF7R e FFXVI) provavelmente não devem aparecer. Lembrem que o evento acontecerá no Japão, o que reduz a cobertura da imprensa, por isso que acho que não será um evento tão grande assim para o público-geral, diferente do Uncovered Final Fantasy XV.

Quase certo
A data de lançamento do Final Fantasy XII: The Zodiac Age deve ser anunciado quase com absoluta certeza. Segundo rumores, será 09/07.

Provável
Final Fantasy 1-9 para PS4: Em um suposto vazamento sobre o evento, consta uma coleção de todos os FFs entre o 1 o 9 para Playstation 4. Acho provável que tenhamos ports de FFs na antigos para PS4, considerando que já temos o 7 e todos os outros já foram portados para mobile e alguns para PC (4-9). Então, acho que podemos esperar também port para os FFs que faltam para PC-Steam e talvez Final Fantasy Tactics (que já temos para mobile).

Não é um anúncio, mas acho provável que tenhamos uma mensagem dos diretores dos FFs ativos, em desenvolvimento ou recém-lançados (FF11, 14, 15, 7R, Brave Exvius, Mobius etc.). Os jogos online devem ter algum tipo de evento comemorativo, em especial Final Fantasy XIV (e espero muito que o XI também).

Também acho provável que tenhamos mais notícias sobre Final Fantasy XV, possivelmente com a data de lançamento do primeiro DLC do Season Pass (sobre o Gladiolus) e talvez com a “expansão não anunciada” que o diretor do jogo diz que tem. Promessas feitas anteriormente como um patch para PS4 Pro para rodar o jogo em 1080p 60FPS ou em 4k, atualizações na história do jogo e modo de criação de personagens também podem ser cumpridas. A data de lançamento do King’s Knight também pode ser divulgada e talvez (embora improvável) tenhamos informações sobre o MMO de Final Fantasy XV para mobile.

Outra possibilidade real é port da trilogia Final Fantasy XIII para PS4 e Xbox One. Com isso, dentre os jogos da série principal, só o FFXI não estará disponível para PS4 (e isso nunca vai acontecer).

Possível
Ninguém vai desmaiar de emoção, mas acho que podemos ter o anúncio de Final Fantasy Legends 2 e Grandmasters para o Ocidente. Também podemos ter mais informações sobre Final Fantasy XI Mobile, anunciado em 2015, mas que não foi muito comentado desde então.

Mais informações sobre Final Fantasy XIV até é possível, mas como a equipe de desenvolvimento tem seus próprios canais de comunicação e os utiliza bastante, e considerando também que um patch foi lançado recentemente e a expansão já foi anunciada, não acho que teremos nada de muito importante sobre o jogo.

Também é possível que tenhamos alguma coisa totalmente nova, como foi Kingdom Hearts 15 anos atrás e Dissidia (para PSP) 10 anos atrás. O que seria essa coisa totalmente nova, não tem como saber.

Improvável
Dissidia Final Fantasy Arcade para Playstation 4 também é uma coisa que pode acontecer, mas acho improvável. A informação oficial é que eles esperariam ao menos um ano do lançamento nos arcades japoneses, o que já aconteceu, mas o elenco de personagens ainda é baixo, então, acho que uma versão caseira ainda deve demorar, embora seja altamente provável (e desejável) que aconteça um dia. O que podemos esperar é um anúncio sobre novos personagens, talvez mais de um especialmente para o evento. Como o evento acontecerá no Japão, faz sentido um anúncio desses.

O que eu gostaria
Se eu pudesse escolher qualquer coisa que não fosse Final Fantasy XVI, pediria um remake off-line do Final Fantasy XI, mas não acho que isso vai acontecer.

Mais realisticamente, espero que a Square-Enix tente envolver a comunidade nessa celebração. Eles têm se comunicado bastante com a comunidade ultimamente e até fizeram eventos especiais (como no lançamento do Theatrhythm Final Fantasy Curtain Call), então espero que eles façam isso e até acho possível.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Dawn: The Worlds of Final Fantasy




Dawn: The Worlds of Final Fantasy é um livro de arte do Yoshitaka Amano com artes dos Final Fantasys 1 ao 4.

Esse livro tem aspectos bons e ruins. Da parte positiva, não preciso nem dizer quão deslumbrante é o traço de Yoshitaka Amano, principal character design de Final Fantasy até o Final Fantasy VII e que continua a colaborar com diversos jogos da franquia, dentre os mais recentes Final Fantasy XV e Final Fantasy Brave Exvius.

Da parte negativa, é basicamente “apenas” isso. “Apenas” entre aspas no mesmo sentido em que um pote de Nutella é “apenas” um pote de Nutella: por mais que isso por si só já seja sensacional, você já conhece (se não conhece, não está aproveitando direito a vida!) e já sabe o que esperar. No mesmo sentido, o livro contém algumas ilustrações novas feitas especialmente para esse livro, contendo como descrição apenas “New Illustrations: DAWN”, sem maior contexto. De resto, são apenas artes já conhecidas sem maiores comentários. A única adição em texto é um pequeno poema no começo do livro que foi escrito pelo próprio Amano. Eu adoraria que houvesse mais texto nesse livro para adicionar mais alguma coisa além do que já sabemos e já vimos, mas não é o que acontece.

O livro é em capa dura e está disponível na Amazon por US$ 24,39. Vale a pena? A não ser que você seja grande fã de Yoshitaka Amano, acho o preço um tanto elevado, principalmente depois que adicionarmos o frete.

domingo, 11 de setembro de 2016

Versão digital do Kingsglaive disponível no Brasil


O Kingsglaive finalmente pode ser comprado em formato digital no Google Play ao preço de R$ 29,99, Playstation Store por R$ 43,90, na loja do Windows 10 por R$ 44,90 e no iTunes brasileiro por US$ 14,99

Eu não chequei o idioma na Playstation Store, mas no iTunes consta PT-BR e inglês (áudio e legendas) e mais um monte de idiomas apenas legendas.

A versão física em DVD ou Blu-Ray sairá no começo de agosto. Sairá em três idiomas (PT-BR, inglês e espanhol) e não há informação sobre se terá o conteúdo extra da versão especial americana (um episódio especial do Brotherhood focado na Luna). Provavelmente não terá, mas vamos ver.

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Hashimoto at BGS



Shinji Hashimoto, producer of Final Fantasy XV, come to Brasil for Brasil Game Show (BGS) and was interviewed by some Brazilian news sites.

IGN Brasil https://www.youtube.com/watch?time_continue=334&v=XvUkyFJGVsA

Reporter: That’s the first time that Final Fantasy is translated to Brazilian Portuguese. I would like to know why did Square Enix decided this.

Hashimoto: That’s the second time I come to Brazil, I’ve been here on BGS two years ago and I could feel then that there was a great potential in Brazilian Market and that fans are very ardent. Going back to Japan I discussed with the CEO how we could serve Brazilian fans better so they could have more access to our games. So we decided to release the game in Portuguese and that’s it, I hope you enjoy.

Reporter: That’s the first time that Final Fantasy will have a battle system different than what fans are used to, a more action-oriented system. I would like to know what Square expects with this change. Will fans be receptive? Why this drastic change?

Hashimoto: The idea this time is to keep many elements of Final Fantasy Universe (monsters, magics, summons) but at the same time innovating the franchise bringing new elements like changing to an action-RPG. But there are many things we added: photorealism, open-world and I believe that with this we achieved a good balance of old fans and new fans who doesn’t know the Final Fantasy Universe.

Reporter: The last time Hashimoto produced a game was with Final Fantasy 8. I would like to know what changed since then.

Hashimoto: Final Fantasy 8 is a Playstation 1 game, so we wouldn’t need to worry about DLC, multiplayer online and if you wanted to play videogames you would need to play it on a TV on a console. So you were always restricted to this console. But nowadays things are completely different. All this features are present and after you complete the disc you need to think after and before the release how to keep players engaged and how to make the player have more contact with the game and that’s where related mobile games enters. So the development process changed a lot, back that day things were much simpler.

Reporter: Square-Enix created a huge Universe for Final Fantasy XV (movie, anime, mobile game). I would like to know why did Square decided investing that much on Final Fantasy XV specifically.

Hashimoto: During the 10 years of development, a very rich Universe was created. So we analyzed how to engage players so they can enjoy this entire Universe created all this years. The answer was to create multiple points of contact, the 100 minutes CG movie, the animated series, the social mobile game. All those are ways to keep players engaged and use the Universe that was created with so much care all those years.


About Final Fantasy XV: “This game is everything fans want and always looked for in Final Fantasy series”

“As videogames evolve, games need to evolve and the quality needs to follow closely. Everything changes, the TV screen resolution changes, so even the game needs to change, so we switched platforms from PS3 to PS4 and Xbox One. This is normal and happens since NES to SNES, the second game changed only a bit comparing with the first, mas since the third we always had these changes”.

About Fabula Nova Crystallis: The development was hard since when it still was part of Fabula Nova Crystallis, the shared world that has been created and set to begin with Final Fantasy XIII [quote from the news, not Hashimoto]. “Like I explained, videogames never goes backward. The game (FFXV) evolved so much that we decided to change its production into Final Fantasy XV and removed it of Fabula Nova Crystallis to make its own Universe”. [now quoting Hashimoto]

About Brazilian fans: “You are incredibly passionate. The way you react to a game is very different from Japanese people. You get excited incredibly and visibly. I’m happy that, even not knowing the language, Final Fantasy is a game very dear here”.

About Hashimoto’s favorite games: “I like shooters and action games like Battlefield and Call of Duty. Now I’m playing a game named World of Tanks and I’m enjoying it. Regarding Square Enix Western series, my favorite is Just Cause”.


About translating Kingdom Hearts III to Brazilian Portuguese: In short, it depends on Final Fantasy XV sales [my summary]. “We have translated mobile and PC classic Final Fantasy games, but this will be the first time that we make something that big. I hope this will be a success”. [now quoting Hashimoto]


Omelete: Many people are waiting for Final Fantasy XV – fans, press, critics – as the saga’s return to a vanguard position between JRPGs. What makes this game so awaited?

Hashimoto: When you do a franchise like Final Fantasy for so many years you ended up creating rules that characterize the series. This time, director Hajime Tabata wanted to take a step backwards and innovate with something never seen before, which reflected in many features like open world and battle system. I believe that all this new things that we are including in the game are creating this expectation for Final Fantasy XV.

Omelete: You joined Square Enix when Final Fantasy VII was being developed and helped to market the game. For years you exhaustively answered questions about remaking Final Fantasy VII. How does it feel to finally see the project going forward?

Hashimoto: Final Fantasy VII remake is the next step and today we are focused on XV. Anyway, we believe that the technological development seen on the game (FFXV) is something very interesting for the future.

Omelete: To someone that never played any Final Fantasy, which is the ideal starting point: wait the new game or return to old games?

Hashimoto: Even though Final Fantasy began with 1 and now we are at 15, each game works independently: new stories, new characters and universes. So the player does not need to worry about this and can freely choose by its criteria and the available hardware. I recommend try any of the others game, including XV.

Omelete: For many years people are saying that Japanese game industry is over. But apparently it’s as alive as never with strong names like Final Fantasy, Dark Souls and Persona. This vision of decadence exists inside Japanese game industry or it’s something that came from the outside?

Hashimoto: I believe that it’s because of a difference on points of view. Japan has a history of videogame evolution different from the rest of the world. You can see that mobile games available In Japan range from basic puzzles to RPGs, for example. Japanese publishers don’t focus on specific genres and I feel that the industry is growing. This decadence idea is restricted to number of sold titles release mainly on consoles, but in a broader point of view that’s not true.

Omelete: Square is investing on Final Fantasy XV brand in a way that reminds of what was done to Final Fantasy VII. Do you expect that the game directed by Tabata-san will achieve a mainstream success like FFVII?

Hashimoto: Our game is always the one we are working the most, working hard to promote it and be the best game possible. We continue doing our job as always and we hope that the public likes Final Fantasy XV.

Other things

- Kingsglaive and Justice Monsters Five weren’t released in Brazil yet. I don’t know why, no news outlet reported it and as far as I know nobody asked it on BGS. 

- There is a Final Fantasy XV demo and it’s the Trial of Titans.

- Final Fantasy XV is in pre-order and if you buy on Saraiva you get the King’s Tale DLC http://www.saraiva.com.br/final-fantasy-xv-dlc-exclusivo-a-kings-tale-ps4-9351268.html

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Guerra das Rosas (#2) - O Rei Usurpador




Na parte anterior de Guerra das Rosas, comecei a falar sobre os eventos anteriores à Guerra das Rosas envolvendo o rei Ricardo II e agora vamos continuar a história com o reinado de Henrique Bolingbroke, agora Henrique IV, que iniciaria a Casa de Lencastre.

Aqui teríamos os problemas de hereditariedade que resultariam na Guerra das Rosas. Henrique tinha argumentos frágeis para assumir o trono, não sendo herdeiro direto do antigo rei, sendo o quinto da linha de sucessão. Henrique IV argumentaria que Henrique de Lencastre era o filho mais velho de Henrique III, e não Eduardo I. Os argumentos eram frágeis e ninguém acreditava muito nisso, de forma que Henrique IV foi um rei usurpador.

A coroação, ocorrida no dia de São Eduardo, 13 de outubro de 1399, era chave para dar legitimidade ao seu reinado. Contribuiu para o simbolismo a localização da Santa Ampola justamente na mesma época, que seria utilizada na coroação de Henrique IV.  Porém, enquanto o arcebispo da Cantuária começava a unção, descobriu piolhos na cabeça de Henrique IV, o que é um mau sinal. Piorou quando a moeda dourada do recém-coroado rei caiu da mão dele no ofertório e não pôde ser encontrada. Para complementar, no banquete, Thomas Dymoke chamaria as pessoas a desafiarem o título de Henrique IV.

Apesar de todos esses maus sinais, o reinado de Henrique IV teve um bom começo, muito por conta da impopularidade do seu antecessor. Ele estabeleceria seu filho, Henrique, como sucessor e o nomearia Príncipe de Gales. Praticamente cortaria da linha de sucessão seus meio-irmãos da família Beaufort, especialmente preocupado com a França, o rei Carlos VI não reconhecendo Henrique IV como rei, afinal, ele usurpou o trono de seu genro.

Durante o período inicial do seu reinado, quando as coisas costumam ser mais fáceis para um novo rei, Henrique IV se certificou de recompensar seus apoiadores e aqueles que trabalhavam para Ricardo II. Isso envolvia dar títulos e dinheiro para seus apoiadores, porém, o aumento nos custos traria problemas com o parlamento. Henrique IV era um homem de posses por conta própria, mas assim que ascendeu ao trono se tornou difícil separar o seu patrimônio pessoal com o patrimônio público, o que seria um problema em seu reinado.

O parlamento rejeitaria dar a Henrique IV novos impostos e o novo rei teria problemas em encontrar dinheiro para financiar seu governo, principalmente porque ele tinha prometido reduzir os impostos se fosse coroado. A sua própria riqueza pessoal tinha criado a ideia de que os abusos de Ricardo II não seriam repetidos.

Henrique IV tinha experiência militar, mas não tinha muita habilidade administrativa ou experiência com boa governança, então teria que aprender isso. Ele contaria com alguns familiares para ajudar com essa deficiência, mas isso provocaria ciúmes e suspeitas na corte. Henrique IV teria dificuldades em governar, lutando com o parlamento por dinheiro e tendo dificuldades em reforçar a sua autoridade, de forma que uma guerra civil nunca parecia muito distante.

O primeiro desafio a Henrique IV viria com a Décima Segunda Noite, uma tentativa de assassinato empreendida pelos condes de Salisbury, Gloucester, Exeter e Surrey, frustrada pela traição de um primo de Henrique, o Conde de Rutland da Casa de York, que prosperou por seu apoio ao rei. Mas essa era uma rebelião condenada desde o início, sem apoio popular algum, considerando que Henrique IV era bastante popular na época e os conspiradores foram até linchados pela população.

Essa não seria a última contestação que Henrique IV sofreria. Externamente, teria que enfrentar os escoceses, o rei Roberto III não reconhecendo Henrique IV como rei da Inglaterra. O príncipe da Escócia, Jaime, seria capturado pelos ingleses e feito refém por 18 anos. Em 1400, Henrique IV enviaria um exército para invadir a Escócia. O resultado final da campanha seria apenas o ganho do reconhecimento de Henrique IV como rei da Inglaterra. (9)

Esse não seria o fim dos problemas de Henrique IV na região. Após a campanha da Escócia, viria notícias de que um obscuro dono de terras chamado Owen Glendower estava causando problemas com um vizinho inglês, Lord Grey de Ruthin em 1400. Esse conflito escalou para uma revolta pela libertação dos galeses e os ingleses tiveram que reagir rapidamente antes que o movimento ganhasse corpo, condenando Glendower como traidor. Ao invés de voltar para a Inglaterra, Henrique IV iria para Gales como uma amostra de poder e teria sucesso em enfraquecer os apoiadores de Glendower.

Em 1401, Gales voltaria a mostrar rebeldia, novamente com Glendower, que passou a ser um sério candidato a se tornar rei de Gales. Henrique IV hesitou em tomar uma atitude, porque isso iria custar caro e também porque tinha terras em Gales, e um conflito poderia reduzir as suas receitas na região. Ele montaria duas expedições punitivas em 1402 para enfrentar Glendower, sem sucesso. Para piorar, isso encorajaria os galeses a apoiar Glendower, que receberia apoio externo da Escócia e da França.

Glendower capturaria o conde de March, Edmundo Mortimer, que era o número 1 legítimo da linha de sucessão de Ricardo II. Henrique IV não deveria ignorar a situação do conde de March, devido a sua grande influência política, mas foi o que acabou fazendo. Pior para Henrique IV, Mortimer se voltou contra ele aceitando casar com a filha de Glendower e anunciando apoio aos galeses, apoiando seu sobrinho, o Conde de March, como sucessor ao trono. Esse sobrinho era Ricardo York, guardem esse nome que será importante para o futuro.

Outra ameaça a Henrique IV era Henry Percy, que estava do lado do rei inglês, inclusive dando a ele uma importante vitória em Homildon Hill, mas se voltaria contra ele e apoiaria Glendower. Seria uma ameaça séria a junção de forças entre Glendower e Percy. Um grande conflito ocorreria em Shrewsbury entre as forças de Henry Percy e de Henrique IV. Era uma batalha equilibrada numericamente, mas a morte de Henry Percy seria decisiva para a vitória de Henrique IV. Seu tio, Thomas Percy, conde de Worchester, seria capturado, executado e seu corpo posto em exposição pública, encerrando essa parte da rebelião. Outro Percy, confusamente outro Henry Percy, conde de Northumberland, chegou atrasado no campo de batalha e acabaria sendo perdoado por Henrique IV.

Esse não seria o fim dos problemas de Henrique IV. A França ainda estava contrariada com o novo rei, não só pela morte do genro do rei francês, mas também pela situação da rainha Isabella. Ela continuou na Inglaterra após a morte de Ricardo II, mas era um dreno de recursos do tesouro em uma época em que Henrique IV estava com problemas em levantar dinheiro. O novo rei estava louco para devolvê-la para a França, mas como rainha da Inglaterra e princesa da França ela não era um saco de batata para ser jogado do outro lado do Canal da Mancha.

Em 1401, um acordo foi fechado para repatria-la para a França, mais desfavorável para o país continental, aumentando o rancor contra o vizinho do norte. Assim que Isabella retornou, a França lançou uma série de ataques navais contra a Inglaterra. Além do mais, a França se aliou aos escoceses e enviou soldados para ajudar Glendower. Tomaria ainda Aquitaine e faria com que a Inglaterra reforçasse Calais, criando mais problemas financeiros para o seu inimigo.

Nesse período, Henrique IV se casaria com Joana, filha de Carlos II de Navarra, adicionando um aliado para enfrentar a França. Joana era viúva do duque de Britanny e seria regente do ducado, mas sua falha em usar os portos para parar os franceses faria com que ela perdesse a regência. Mesmo sem muitos benefícios da aliança, seria um casamento feliz, apesar da cerimônia ter demorado um ano para ser realizada após o acordo de casamento ter sido firmado. (16)

As ameaças mais próximas continuavam vivas e formariam uma tríplice aliança composta pelo conde de March, Glendower e Henry Percy, conde de Northumberland. Isso forçaria Henrique IV a lutar em múltiplas frentes, adicionando pressão ao erário inglês. Felizmente, Henrique IV receberia os recursos necessários para empreender a guerra. Mas ocorreriam várias deserções das fileiras de Henrique IV, como Lorde Bardolph, conselheiro militar importante do rei, o Conde de Marshal e o Arcebispo de York, que tinha apoiado a queda de Ricardo II e agora conspirava contra Henrique IV também.

O rei procuraria o Arcebispo de York na frente norte para um acordo e atenderia diversas de suas reivindicações. No entanto, assim que Marshal e o Acebispo desmobilizaram os seus exércitos, foram presos por acusações de traição e depois condenados a morte, além de terem os seus bens confiscados. Foi uma decisão polêmica executar um bispo, mas a verdade é que foi efetivo, Northumberland e Bardolph fugindo para o norte, para a Escócia, e abandonando a rebelião.

Henrique IV perseguiria os dois, mas teria que interromper a campanha por problemas de saúde. Dizem que foi por conta de sua consciência pesada por ter executado o Arcebispo de York ou que foi uma punição divina, mas o fato é que ele acabaria com a rebelião ao norte, mas Glendower sobreviveria mais um ano e continuaria com a sua rebelião.

Na volta à Londres em 1405, Henrique IV estava em má situação física. Mesmo assim, teria que continuar com a luta contra os galeses. No parlamento iniciado naquele ano, seria discutida uma grande redução nos gastos, incluindo a expulsão de membros da corte da rainha Joana em Breton e extensão da tributação para classes religiosas. O trabalho de cortar gastos foi facilitado com a derrota da ameaça do norte, que eliminou a necessidade de reforçar essa frente.

Com a perda dos aliados ao norte, a rebelião de Glendower perderia força, mas continuaria existindo. Porém, em 1409, Harlech cairia após um ataque do Príncipe Henrique, futuro Henrique V, onde o conde de March seria morto. Glendower perderia o seu principal aliado e nunca se recuperaria dessa perda. Ele continuaria reivindicando se tornar o príncipe de Gales, mas seu fracasso em entrar em território inglês frustraria seus planos.

O grande responsável pela vitória inglesa foi o príncipe Henrique, uma vez que seu pai estava muito debilitado. O príncipe de Gales extrairia grandes ensinamentos dessa campanha e resultaria no fim da rebelião de Glendower em 1413.

Northumberland também tentaria mais uma vez derrubar Henrique IV tentando fomentar revoltas nos domínios dos Percy ao norte em 1408, mas não apenas não conseguiu, como morreria na campanha. Com isso, os principais oponentes internos de Henrique IV estavam mortos. Essa seria a última vez que Henrique IV se envolveria em uma campanha militar. Embora ele não tivesse chegado muito perto do campo de batalha, acompanhou o exército real e cuidaria do julgamento de prisioneiros de guerra e execução dos líderes rebeldes.

A Escócia ficou relativamente pacífica durante esse período de rebeliões devido a uma série de acordos e por conta do príncipe Jaime, herdeiro do trono escocês que já há muito tempo estava em poder dos ingleses. Para Jaime, não foi ruim ter ficado com os ingleses, que complementaram a sua educação durante esse período. Na França, além dos problemas mentais de Carlos VI, a disputa de poder entre Borgonha e Orleans passou a dominar a atenção dos franceses, o que muito beneficiou Henrique IV, que enviaria ajuda para a facção do duque de Borgonha. Procuraria uma noiva de Borgonha para seu filho, mas não daria certo porque havia nenhuma candidata e também porque Orleans tentaria entrar em acordo com os ingleses também.

Em acordos secretos, Henrique IV firmaria um pacto com Orleans, oferecendo ajuda militar em troca de territórios. O príncipe Henrique não gostou muito do acordo, pois preferia Borgonha, mas o arranjo não duraria muito tempo. O rei Carlos VI, em um momento de lucidez, pediria o fim do conflito entre os dois ducados e o encerramento do acordo de Orleans com os ingleses.

Por volta de 1410, ocorreriam diversos desentendimentos entre Henrique IV e seu filho mais velho, que estava por volta dos vinte anos, ganhou experiência com as campanhas de Gales e passou a ter um papel relevante no governo do país. O príncipe faria parte de um conselho para governar a Inglaterra no período de debilidade do rei. A doença de Henrique IV, seja lá qual era, aparecia esporadicamente e era bastante feia, tanto no sentido de grave quanto no sentido visual. O pior é que quando ele estava bem parecia adotar tendências ditatoriais, inclusive no tratamento dos filhos. Para muitos, os problemas de saúde do rei eram uma punição divina pela execução do arcebispo.

Em 1411 surgiu a primeira sugestão de trocar de rei por parte de Henrique Beaufort, que era da família da esposa de Ricardo II. Henrique IV sentiu o perigo e reagiria. Ele dispensaria os Beaufort e reformaria o seu conselho, incluindo a exclusão de seu filho mais velho e sucessor. O príncipe Henrique chamaria seus homens para uma demonstração de força, mas nenhum conflito ocorreria. Do lado dos apoiadores, um dos mais fiéis era Thomas Arundel, irmão do conde de Arundel e Arcebispo da Cantuária. Com plenos poderes, Arundel influenciou a criação de leis que punem a blasfêmia e a heresia, que nunca foram um grande problema na Inglaterra, mas essas leis poderiam servir para eliminar inimigos do rei ou para botar medo neles.

Era iminente a morte de Henrique IV e ela viria em 1413. O rei morreria em paz com seu filho e sucessor, mas depois descobriu-se que ele estava virtualmente falido após ser um dos homens mais ricos do país. O início do seu reinado foi conturbado por problemas financeiros e revoltas na Escócia, Galês e norte da Inglaterra, além de disputas com a França. Quando tudo parecia propício para que ele pudesse governar sem esses incômodos, vieram os problemas de saúde e ele já não teria condições de cuidar do reino como desejaria. Porém, a situação da Inglaterra na época da morte de Henrique IV era pacífica, o que seria ótimo para o seu sucessor e filho, Henrique V.

No próximo capítulo de Guerra das Rosas, vamos para o reinado de Henrique V durante o acirramento do conflito com a França, quando a Batalha de Azincourt acaba por decidir o conflito para um dos lados.