domingo, 13 de setembro de 2015

Raízes do Brasil (#4) - Nossa Revolução



No capítulo 6, Sérgio Buarque de Hollanda analisa o período pós-independência onde, na parte cultural, podemos dizer que tudo mudou para continuar igual. Volta a citar o “apego singular aos valores da personalidade”, afirmando que o brasileiro raramente se aplica de corpo e alma a um objeto exterior a nós mesmos e a atividades em que o sujeito se submeta a um mundo distinto dele, a personalidade individual não suportando ser comandada por um sistema exigente e disciplinador, nas palavras do autor.

No começo do capítulo, Buarque de Hollanda vai fazendo afirmações bem fortes em sequência. Um exemplo: “É frequente, entre os brasileiros que se presumem intelectuais, a facilidade com que se alimenta, ao mesmo tempo, de doutrinas dos mais variados matizes e com que sustentam, simultaneamente, as convicções mais díspares”, bastando que tais ideias tenham uma roupagem vistosa como palavras bonitas e argumentos sedutores, em mais um exemplo da concepção do autor de que um traço nacional é a valorização das aparências, inclusive no que se refere ao ambiente social.

No que se refere ao trabalho, o objetivo é a busca da satisfação e o trabalho como um fim em si mesmo, e não como uma obra, um finis operantes, a finalidade daquele que obra, e não finis operis, a finalidade da obra. As atividades profissionais acabam por ser quase um acidente na vida dos indivíduos e na época do autor, segundo ele próprio, era raro termos pessoas que se limitassem a uma profissão. Nessa parte, o autor fala do “vício do bacharelismo”, que também tem raízes lá de Portugal, mas que persistiu na colônia e era mais uma amostra da importância demasiada a títulos para valorizar a personalidade individual. O bacharelismo seria uma reminiscência da antiga importância que era dada a títulos, só que ao invés de títulos de nobreza, o de doutor. Nas palavras do autor: “A dignidade e importância que confere o título de doutor permitem ao indivíduo atravessar a existência com discreta compostura e, em alguns casos, podem libertá-lo da necessidade de uma caça incessante aos bens materiais, que subjuga e humilha a personalidade”, retomando a ideia de depreciação do trabalho manual analisada em capítulos anteriores. No final dessa parte do capítulo, Buarque de Hollanda parece considerar que os brasileiros são parecidos com o Conselheiro Acácio, ideia minha, não uma comparação direta do autor, afirmando: “O prestígio da palavra escrita, da frase lapidar, do pensamento inflexível, o horror ao vago, ao hesitante, ao fluido, que obrigam à colaboração, ao esforço e, por conseguinte, a certa dependência e mesmo abdicação da personalidade, têm determinado assiduamente nossa formação espiritual”.

Na sequência do capítulo, o autor passa a analisar a aceitação das ideias do positivismo de Auguste Comte. Não cabe aqui entrar em maiores detalhes, mas essa corrente filosófica, grosso modo, valorizava o conhecimento científico que seria a única forma de conhecimento verdadeira e razão do progresso da humanidade, teve grande influência no Brasil a ponto de um dos lemas do Positivismo, “Amor como princípio, ordem como base e progresso como objetivo” ter influenciado o lema que está na nossa bandeira, Ordem e Progresso. O argumento do autor é que essas ideias se encaixavam facilmente com o ideário da época, seguindo algumas conclusões já analisadas aqui, a certeza do triunfo final das novas ideias que o mundo acabaria por irrevogavelmente aceitar. O apelo era, nas palavras do autor, o repouso que essas ideias permitem ao espírito, as definições irresistíveis e imperativas do sistema de Comte. E os positivistas brasileiros eram, paradoxalmente, negadores. Citando Buarque de Hollanda: “Viveram narcotizados por uma crença obstinada e pela certeza de que o futuro os julgaria segundo a conduta que adotassem com relação a tais princípios”. Mais praticamente, muitos dos adeptos do positivismo se afastavam da política e se colocavam acima desses assuntos inferiores.

Buarque de Hollanda diz que um de nossos traços característicos é a “crença mágica no poder das ideias”, já que importamos ideias de “terras estranhas” sem saber como se ajustariam à realidade local, se referindo à ideologia impessoal do liberalismo democrático. Aspectos dessa ideologia foram incorporados na medida em que não entravam em conflito com o conjunto de características nacionais, como o horror às hierarquias e à impessoalidade. Em mais uma afirmação bem forte, o autor declara que “a democracia no Brasil foi sempre um lamentável mal-entendido”. Essa foi uma dessas ideias importadas pela aristocracia rural e semifeudal brasileira e adaptada aos seus direitos e privilégios, até entrando em conflito com o que era pregado na Europa ou na América do Norte de onde essas ideias vieram.

Dessa forma, movimentos reformadores vieram de cima para baixo e tiveram mais inspiração intelectual ou sentimental do que de ordem prática. Dois grandes momentos de nossa história, a Independência e a Proclamação da República, são bem emblemáticos, movimentos vindos da elite com nula participação popular.

No campo das artes, Buarque de Hollanda faz uma conexão interessante entre a chegada da corte real portuguesa em 1808 e o Romantismo. Esse evento não chegou a arruinar as estruturas da sociedade colonial, mas aumentou a importância dos centros urbanos e provocou algumas mudanças sociais. Incapazes de responder às “exigências impostas por um outro estado de coisas”, nas palavras do autor, a existência mais  regular e abstrata das cidades provocou uma certa crise nos intelectuais manifesto em expressões como “o cárcere da vida” ou outras equivalentes para reclamar da existência, bem ao estilo do Romantismo, estilo artístico mais voltado ao subjetivo e no individual e na expressão forte de emoções, grosso modo, juntando um nacionalismo que adotou um “indianismo de convenção”, na avaliação do autor.

A adoção entusiasmada desse movimento artístico acabou tendo aspectos negativos na opinião de Buarque de Hollanda, um movimento negador da realidade em um momento que deveria ser de afirmação após a independência. E também sequer acrescentou algo de novo artisticamente, sendo uma linguagem luxuriosa para dizer a mesma coisa, nas palavras do autor. Mas demonstrou bem a característica dos nossos “homens de ideias”, “homens de palavras de livros” que procurava recriar um mundo mais dócil aos desejos e devaneios, uma forma de não rebaixar ou sacrificar a individualidade. Essa própria devoção aos livros era até uma forma de demonstrar superioridade como o grau de bacharelado mencionado a pouco, e um exemplar desse tipo de atitude foi o próprio Imperador Dom Pedro II.

Certamente que não parece uma ideia tão ruim ter gente desse tipo em um país onde a média de livros lidos é 2 por ano, mas a questão é que no momento em que a velha aristocracia rural declinava, precisávamos de uma elite intelectual melhor do que isso para ocupar esse vazio. O saber era visto como instrumento para elevar seu portador acima dos seus pares e dignificação individual, ou seja, erudição por erudição, palavras rebuscadas e estrangeirismos apenas para impressionar. Isso retoma uma ideia já apresentada no livro, de que o trabalho mental era considerado superior não por sua utilidade prática, mas por diferenciar daqueles que fazem o trabalho braçal. Ao mesmo tempo, havia uma simplificação das questões de ordem mais prática, colocando as coisas ao “alcance de raciocínio preguiçosos” e atraindo através de frases de efeito ou fórmulas mágicas. Isso tudo é negativo, pelo que entendi, porque se dava em um momento em que precisávamos de boas ideias postas em prática entre a Independência e a República.

Por todo esse capítulo, percebi certos paralelos entre o que Buarque de Holanda escreveu na década de 1930 e hoje, mas vou deixar para vocês identificarem a maioria desses pontos em comum. Um trecho que gostaria de mencionar é esse: “Não têm conta entre nós os pedagogos da prosperidade que, apegando-se a certas soluções onde, na melhor das hipóteses, se abrigam verdades parciais, transformam-nas em requisitos obrigatórios e únicos de todo progresso”. Eu consigo imaginar quais seriam algumas dessas verdades parciais nos dois lados do espectro político, vocês podem pensar em alguns casos também, e Buarque de Holanda cita a “miragem da alfabetização do povo”, que era apresentado com muita “retórica inútil” como a solução para todos os males do país, assim como, diria eu, é feito com a educação hoje em dia. “Certos simplificadores”, nas palavras do autor, diziam que se fizéssemos isso seguindo o exemplo dos Estados Unidos seríamos a segunda, talvez terceira potência mundial. Até hoje o Brasil não está plenamente alfabetizado, ao menos em termos funcionais, e alguém poderia dar razão a esses “pedagogos da prosperidade” por conta disso, mas o que o autor argumenta é que o problema do Brasil à época era a falta de cultura técnica e capitalista, que os Estados Unidos tinham apesar de sequer terem erradicado o analfabetismo. Ou seja, desacompanhada de outros elementos fundamentais, saber ler e escrever não serve para tanto assim e a própria discussão em termos tão rasos desviava a atenção de assuntos mais importantes.

Por fim, vou comentar o sétimo capítulo do livro, a Nossa Revolução. A revolução a que Buarque de Holanda se refere não é uma grande revolução como a Americana ou a Francesa e não tem um único marco, mas vários em uma “lenta revolução” na caracterização do autor, os principais sendo a Abolição da Escravatura e Proclamação da República. Nessa revolução, o centro da vida brasileira deixaria definitivamente o meio rural e iria para os meios urbanos, que não mais serviam como complemento para o campo e na verdade acabou havendo uma inversão de papéis facilitado pela melhoria nas comunicações e transportes.

Contribuiu também, na visão do autor, o declínio da produção açucareira, que incentivava a estratificação da sociedade, e a sua substituição pela lavoura do café que tendia a nivelar mais a sociedade. As análises da época eram a de que a cultura cafeeira não exigia extensas porções de terra ou grande uso de capital, a redução do latifúndio ajudando a dispersar a propriedade. Buarque de Holanda aponta alguns erros nessa análise, que não corresponde exatamente à realidade na maior parte das vezes, mas em algumas partes do país, como o oeste de São Paulo, haveria um distanciamento maior das formas coloniais de exploração da terra e o próprio relacionamento com o campo, para muitos uma fonte de sustento e renda, mas não um modo de vida tanto que muitos fazendeiros passaram a residir nas cidades. Porém, houve um efeito colateral indesejado dessa troca de cultura, que foi o menor uso da terra para a produção de gêneros alimentícios, que acabaram por ficarem mais caros.

A Abolição não afetaria de maneira tão significativa a produção de café, cultura que já estava se adaptando ao trabalho remunerado, mas seria fatal para os produtores de açúcar e seria a etapa final do declínio dos antigos senhores rurais e de sua influência na política brasileira. A urbanização “contínua, progressiva, avassaladora” catalisada pela Abolição, embora esse não tivesse sido o único fator, fez com que o meio rural perdesse influência, mas, segundo Buarque de Holanda, não houve a substituição por algo realmente novo. Apesar de a base ter desaparecido, o estado brasileiro preservou resquícios da monarquia como “relíquias respeitáveis”.

O próximo tópico do capítulo é o aparelhamento do estado, marcado por “maturidade precoce” e “estranho requinte” nas palavras do autor. O estado brasileiro no império seguia uma ideia de não ser despótico, o que contrariaria a “doçura de nosso gênio”, palavras do autor, mas que mantivesse compostura, grandeza e solicitude. Isso procurava se manifestar no âmbito nacional, mas também internacional, querendo passar uma imagem de um “gigante cheio de bonomia superior para com todas as nações do mundo”. O Brasil não ambicionou ser um conquistador e até adotava soluções bastante pacíficas, como a abolição formal e até prática muito antes disso da pena de morte, seguindo o padrão de sociedades mais avançadas e se envaidecendo da ótima companhia. O resultado dessas correntes, porém, é o desarmamento de expressões menos harmônicas e negação da espontaneidade nacional, esse último ponto, me parece, mais relacionado com a ideia de que o ordenamento social necessitava de leis escritas quando a disciplina social espontânea pode surgir sem isso, como foi o caso da Inglaterra. Havia um otimismo grande com regras racionais e regulamentos como ordenadores da vida social. Nas palavras do autor: “Nesse erro se aconselharam os políticos e demagogos que chamam atenção frequentemente para as plataformas, os programas, as instituições, como únicas realidades verdadeiramente dignas de respeito”, em outro trecho que talvez ainda seja bastante atual. Ainda predomina o emotivo sobre o racional, mas, quando conveniente para as oligarquias, o racionalismo poderia ser empregado para manter o status quo.

Como já mencionado, muitas das práticas políticas do império e do começo da república foram importadas do exterior, especialmente da Revolução Francesa, e adaptada à realidade nacional. Porém, a democracia exigia uma impessoalidade que não se adaptava muito bem ao caráter nacional e nem, de forma mais ampla, à América Latina. O caudilhismo anti-liberal que estava em voga na época do livro era impessoal em essência e a democracia só triunfaria de verdade quando esse antiliberalismo fosse superado.

E essa vitória só viria com uma revolução que extirpasse as estruturas arcaicas que o país ainda não tinha conseguido eliminar. Mas essa revolução não precisava, e, segundo o autor, não deveria ser violenta e na verdade já vinha se processando de forma que vivíamos à época entre dois mundos, um morto e o outro que luta por vir à luz. E essa revolução não deveria ser horizontal, ou seja, mera troca dos que estão no poder, e sim uma revolução vertical que trouxesse novos elementos para a política. Não seria o caso de eliminar as classes superiores, e sim de amalgamá-la com as demais classes que também tinham lá os seus defeitos ao mesmo tempo que as classes superiores tinham homens de bem.

No Brasil, porém, se levantavam contra essa revolução, além das pessoas que se beneficiavam do status quo, as “constituições feitas para não serem cumpridas, as leis existentes para serem violadas” beneficiando pessoas e oligarquias. Inclusive, era possível uma alternância no poder, mas para deixar tudo como está. Como se dizia antes, nada mais parecido com um saquarema no poder do que um luzia. Ou seja, uma revolução horizontal só resultaria na troca de um personalismo por outro sob o disfarce de se fazer democracia e era necessária outra abordagem, abolir esse personalismo que tornava tão estranha a ideia de democracia, de uma entidade imaterial e impessoal pairando sobre os indivíduos.

Em essência, essa é a análise de Sérgio Buarque de Holanda presente nos dois últimos capítulos do livro Raízes do Brasil. Resumindo de maneira rápida as ideias do livro, os principais pontos do autor são de que o brasileiro é um povo com uma forte propensão de encarar tudo com um fundo emotivo, o que se reflete em diversas esferas da vida social, inclusive na organização política e na dificuldade em separar o público do privado.

domingo, 6 de setembro de 2015

Batalhas de Rossbach e Leuthen



Na Guerra dos Sete Anos, 1757 começou bem para Frederico II da Prússia com a vitória em Praga, mas a derrota na Batalha de Kolin marcou, além de sua primeira derrota militar, uma virada da maré. A Prússia teria derrotas em Hanover e na Prússia Leste e o inimigo ganhava força, até que Frederico conseguisse duas vitórias que o imortalizariam como um dos maiores generais da história com as batalhas de Rossbach e Leuthen.

Eu comentei sobre a Guerra dos Sete Anos em outro vídeo, então, para ter uma ideia melhor do contexto, recomendo que assistam a esse vídeo. Mas, resumindo de maneira rápida, a Guerra dos Sete Anos surge como uma continuidade da Guerra da Sucessão da Áustria e opôs de um lado Grã-Bretanha e Prússia e de outro França, Áustria e Rússia, para citar só as principais nações envolvidas. Em disputa, colônias na América do Norte e Índias para britânicos e franceses e na Europa o domínio da Silésia, Prússia Leste e Hanover. A Guerra começou em 1756 e até a derrota na Batalha de Kolin o momento era todo da Prússia, que depois começou a ser acuada pelos seus inimigos em grande desvantagem numérica, mas contando com possivelmente o melhor exército da época.

Depois da rendição de Hanover, os franceses e tropas do Sacro Império Romano seguiriam a leste em direção à Prússia. Isso faria com que as atenções de Frederico fossem desviadas da Prússia Leste e do confronto contra austríacos e russos para lidar com a ameaça francesa a oeste.

Comandantes Opostos
Eu vou falar sobre duas batalhas nesse vídeo. Do lado da Prússia, houve o mesmo comandante em chefe nas duas, Frederico, o Grande, mas do lado de seus inimigos os comandantes foram diferentes, mas já comentarei sobre eles agora.

Frederico tinha 45 anos em 1757, ano de sua primeira derrota, mas também de algumas de suas maiores vitórias. Tinha uma boa reputação militar na época, que seria abalada com a derrota em Kolin. Com a retirada da Boêmia, quando os prussianos eram liderados pelo seu irmão, Augustus Wilhelm, mostraria um lado mais obscuro ao culpa-lo pelo revés e humilhá-lo publicamente ao retirá-lo do comando, quando deveria ter sido ele a tomar o comando do exército nesse momento. Veria que precisaria mudar os rumos ainda nesse ano sob o risco dos seus homens perderem moral e teria sucesso usando brilhantes táticas de manobra para enganar os seus inimigos.

Seu segundo em comando era James Keith de Inverugie, que teve uma trajetória militar bastante curiosa. Nasceu na Escócia e sua família apoiava militarmente a reinvindicação de James Stuart ao trono escocês. Após diversas derrotas, James Keith acabou indo para o exílio, peregrinando por vários países até chegar à Rússia, onde participaria de diversas campanhas até chegar ao posto de general. Se recusaria a ter um caso com a czarina Isabel e iria para a Prússia em 1747. Frederico logo perceberia o potencial de James Keith e o promoveria a marechal de campo. Seria o segundo em comando na Batalha de Rossbach e depois receberia um comando próprio, portanto, não participando da Batalha de Leuthen.

Outra pessoa importante do lado prussiano era o major-general Friedrich von Seydlitz. Sua carreira toda foi na cavalaria e ele ganharia um regimento próprio após a Guerra da Sucessão da Áustria. Na Guerra dos Sete Anos, teve um infortúnio na Batalha de Lobositz em 1756 ao empacar seu regimento na lama e repetiria o erro na Batalha de Praga um ano depois. Isso parecia um mau presságio, mas durante a Batalha de Kolin ele assumiria o comando da brigada de cavalaria com a morte do comandante anterior e continuaria a tarefa do seu antecessor atacando o flanco dos austríacos. Isso poderia ter mudado o rumo da batalha, porém, as outras unidades de cavalaria não tiveram o mesmo desempenho e a Prússia acabaria perdendo a batalha. Mesmo assim, Frederico reconheceria seu mérito, o promoveria a major-general e lhe daria o comando da cavalaria na Batalha de Rossbach, onde seu ótimo desempenho lhe renderia a promoção para tenente-general e a Ordem da Águia Negra, a mais alta honraria da cavalaria.

Do lado oposto, o comando na Batalha de Rossbach era dividido entre o general francês Soubise e o marechal de campo Joseph von Saxe-Hildburghausen. Charles de Rohan, príncipe de Soubise, era de uma das mais tradicionais famílias francesas e atuou na Guerra da Sucessão Austríaca como ajudante de campo e em 1757 era governador de Flandres e Hennegau. Comandou as tropas francesas em Rossbach e depois atuaria na campanha para tomar Hanover. Era tido como tímido e indeciso e devia a sua posição militar nem tanto ou não apenas por seus laços familiares, mas também por influência de duas amantes do rei Luís XV, Madame du Pompadour e Madame du Barry. Vendo assim, não é difícil imaginar porque os franceses e os austríacos perderam a Batalha de Rossbach.

O marechal de campo austríaco Joseph von Saxe-Hildburghausen teve uma brilhante carreira atuando na Guerra da Sucessão Polonesa e na Guerra da Sucessão Austríaca. Receberia diversos cargos de comando na hierarquia militar e comandaria o Exército Imperial na Guerra dos Sete Anos. Seria o comandante em chefe conjunto na Batalha de Rossbach, que terminaria em derrota para a coalizão austro-francesa e envergonhado renunciaria de todas as atividades militares após a derrota.

Na Batalha de Leuthen, o comandante em chefe foi o príncipe austríaco Charles de Lorraine. Ele era o irmão mais novo do marido da Imperatriz Maria Teresa da Áustria. Recebeu seu primeiro comando em 1741 e combateria na Guerra da Sucessão Austríaca. No período entre-guerras, seria presidente da Comissão de Reforma Militar e defendeu amplas reformas estruturais no exército austríaco. Não participaria das primeiras batalhas da Guerra dos Sete Anos, mas participaria da expulsão de Frederico da Boêmia após a Batalha de Kolin. Era corajoso e experiente no campo de batalha, porém, lhe faltava auto-confiança que ele escondia com bebida e a companhia de amigos dissolutos, vamos dizer assim. Claro que isso não era muito saudável para um soldado e prejudicaria o seu desempenho. Laços familiares o mantiveram no topo por mais algum tempo, mas logo ele cairia em desgraça e Leuthen seria a sua última batalha. Ou seja, Frederico acabaria na prática aposentando dois de seus oponentes nessas duas batalhas, mantendo apenas o incompetente na ativa.

Batalha de Rossbach
Vou agora falar sobre a Batalha de Rossbach. Frederico queria ao oeste uma batalha contra o exército Franco-Imperial, que até agora nunca lhe tinha feito esse favor. Nesse meio tempo, em outubro, teve que lidar com um ataque austríaco à Berlim liderado pelo tenente-general Hadik. Frederico deixaria James Keith para vigiar os franco-imperiais no Rio Saale e iria para Berlim, enviando à frente Seydlitz e ordenando que os exércitos de Ferdinando de Brunswick e de Moriz von Anhault-Dessau se deslocassem para a região. Logo, Hadik se retiraria e na volta Frederico teria a notícia que estava esperando, tropas francesas e do Sacro Império Romano estavam cruzando o Rio Saale e procuravam combate contra os prussianos.

Frederico reuniria as suas forças em Leipzig. Por conta do preparo de seus homens, Frederico foi capaz de deslocar milhares de tropas pela Prússia em um curto espaço de tempo. Em outros locais, Frederico receberia boas notícias, com os russos recuando da Prússia Leste, a ameaça sueca sendo contida pelo marechal de campo Hans Lewaldt e em especial com a volta de Hanover para a guerra, com o pedido adicional para que Ferdinando de Brunswick liderasse o Exército de Observação de Hanover. Com isso, Frederico sentia que era chegada a hora de enfrentar a ameaça Franco-Imperial na última parte que o preocupava de maneira mais urgente, a Silésia.

Do outro lado, o francês de Soubise não se entendia muito bem com o seu colega austríaco Saxe-Hildburghausen sobre quando lançar uma ofensiva. Forças franco-imperiais tinham cruzado o Rio Saale, mas recuariam logo depois e esperavam um momento melhor para atacar os prussianos. No fim, os aliados ficariam na defensiva no Rio Saale e seria Frederico quem tomaria a iniciativa.

O rio podia ser atacado por três pontos, todos bem defendidos pelos franceses e imperiais. Frederico decidiria atacar em dois pontos, lançando o exército principal rio acima em Weissenfels e Keith atacaria rio abaixo em Merseburg. Os prussianos forçariam seu caminho e os inimigos recuariam, não sem antes queimar as pontes para atrasar o avanço dos prussianos. Frederico cruzaria o rio sem oposição, só tendo que lidar com o problema da ponte. Keith, por sua vez, tinha que cruzar o rio por Merseburg e Ferdinando de Brunswick tentaria atravessar o rio em Halle, para encontrar a ponte destruída. Os franceses tentariam oferecer resistência ao avanço prussiano nesses dois pontos, mas com notícias da travessia de Frederico acabariam recuando.

Na noite de 3 de novembro, o exército prussiano se reuniria novamente. Frederico enviaria a cavalaria para fazer reconhecimento e encontraria o inimigo em uma linha norte-sul com aproximadamente 60 mil homens, três vezes o número do exército prussiano. Frederico posicionaria o seu exército em Leiha-Bach, com o flanco direito em Bedra e o esquerdo em Rossbach, mas não lançaria um ataque contra o inimigo. O exército franco-imperial entendeu isso como um sinal de fraqueza por parte da Prússia, se encheria de brios e a banda tocaria a fanfarra da vitória. Saxe-Hildburghausen tinha um plano ousado de atacar o flanco esquerdo do exército prussiano de forma a força-lo a virar e assim chegar à retaguarda e forçar Frederico a recuar. A ordem para o avanço seria dada em 5 de novembro, iniciando o que seria a Batalha de Rossbach.

O exército Franco-Imperial avançaria tentando a manobra sugerida por Saxe-Hildburghausen. Poderia até parecer que o plano fazia sentido, mas certamente é subestimar demais o inimigo, ainda mais considerando que se tratava de Frederico II da Prússia, imaginar que o comandante deixaria o seu flanco ser atacado estando atento para isso, como qualquer um estaria nessa situação. Os aliados foram pra lá de imprudentes, sequer mandando uma equipe de reconhecimento.

De certa forma, foi até surpreendente o movimento dos aliados. Frederico recebeu a notícia de um capitão sobre a movimentação inimiga enquanto almoçava. De início, o líder prussiano achava que seu subordinado estava exagerando já que ele tinha essa tendência, mas acabou depois verificando com os próprios olhos que era verdade. Em meia hora, os prussianos desmontaram o acampamento e se colocaram em marcha.

Frederico planejaria uma rota que desse a impressão de que estava recuando para então mudar de direção e atacar o exército inimigo em marcha. Para isso, precisaria da cavalaria, cujo comando foi entregue para Seydlitz. A cavalaria iria na frente e cobriria o flanco esquerdo da infantaria. O inimigo voltaria a entender tudo errado e realmente acreditou que Frederico tinha ficado com medo e estava batendo em retirada e seguiriam marchando para a batalha.

Quando chegou perto do inimigo, Frederico ordenou que a artilharia se posicionasse em elevações e abrisse fogo. Esse seria o sinal para que Seydlitz avançasse, pegando desprevenida a cavalaria dos aliados. Apenas algumas unidades da cavalaria aliada estavam prontas para o combate e elas se opuseram à primeira linha da cavalaria prussiana, mas acabou sendo uma luta desigual. Reforços chegariam com o próprio general de Soubise, mas Seydlitz empregaria a segunda linha e em meia-hora de combate a cavalaria aliada estava debandando. Vitorioso, Seydlitz ordenaria que a cavalaria refizesse a formação e esperaria por novas ordens.

O plano de Frederico era marchar em direção horária a nordeste, usando o Cume de Janus como camuflagem, depois virando à direita para seguir ao sul para depois avançar em linha para atacar a cabeça do exército inimigo em marcha. Essa manobra pegou totalmente desprevenidos os franceses e imperiais, que não estavam de todo prontos para um confronto quando os prussianos surgiram em formação, contando ainda com o fogo da artilharia. As duas infantarias começariam o combate e Seydilitz voltaria a atacar a cavalaria, causando ainda mais confusão no exército franco-imperial quando a cavalaria se chocou com a infantaria. A essa altura, a batalha se dava entre uma turba desorganizada formada pelos franceses e por imperiais contra forças bem disciplinadas e organizadas dos prussianos.

O resultado não poderia ser outro senão a debandada dos aliados. Os prussianos perseguiriam o inimigo e a situação só não foi pior porque a infantaria franco-suíça interviria e conseguiria cobrir a fuga dos derrotados da Batalha de Rossbach. Seu desempenho impressionaria Frederico, que teria perguntado “O que é essa parede de tijolo vermelho que meus canhões de artilharia não podem derrubar?”.

De todo modo, a Prússia venceu a batalha. Frederico passaria a noite no castelo de Burgwerben e escreveria para a sua irmã, cheio de entusiasmo: “Eu posso agora morrer em paz, porque a reputação e honra de minha nação foi salva”. Não foi apenas uma vitória, e sim uma vitória consagradora, Frederico com 22 mil homens derrotando um exército com mais do que o dobro de tamanho, causando 8 mil baixas e perdendo apenas 550 homens. Do outro lado, os franceses e os imperiais fugiriam. Saxe-Hildburghausen renunciaria ao comando do exército imperial, que seria desmantelado para ser refeito no ano seguinte melhor equipado e treinado.

O resultado da batalha foi dar moral para o exército prussiano e para o próprio Frederico após algumas derrotas em 1757 e teria o efeito oposto nos franceses e imperiais. Serviria ainda para animar os seus aliados de Hanover, mas ainda faltava uma vitória sobre os austríacos na Silésia, que viria ainda nesse ano.

Batalha de Leuthen
E vamos agora para a Batalha de Leuthen, exatamente um mês após Rossbach. Os austríacos tinham a iniciativa na Silésia após a vitória em Praga, porém, seriam atrapalhados por eles mesmos. O comando do exército austríaco seria tirado do marechal de campo Daun e entregue ao príncipe Charles de Lorraine, cunhado da Imperatriz Maria Teresa. Daun ainda gerenciaria algumas tarefas de rotina, mas a incompetência de Charles seria um desastre para o exército. O ideal seria tirá-lo do comando, mas o imperador consideraria uma afronta pessoal a remoção do seu irmão do comando e Charles permaneceria. E foi graças a isso que Frederico poderia deixar essa região e cuidar de assuntos em outros lugares, deixando o duque Augustus Wilhelm de Brunswick-Bevern para comandar um exército de 43 mil homens para vigiar os austríacos.

Diante dessa situação, os austríacos tinham a opção de perseguir Frederico ou atacar a força que permaneceu na região da Lusatia e acabaram por optar pela segunda. As forças austríacas empurram para trás Bevern, que recuaria sucessivamente até chegar em Breslávia, onde se encastelaria. Se fosse um pouco mais ousado ou habilidoso, Charles de Lorraine poderia ter impedido que Bevern recuasse para a Silésia, mas não foi capaz disso e teria que sitiar a Breslávia para derrotar o exército inimigo. Os austríacos procederiam com cautela e iriam tomando posições secundárias, como o forte de Schweidnitz. Quando notícias da vitória de Frederico em Rossbach chegaram, Lorraine e Daun se decidiriam a tomar Breslávia, sabendo que o rei da Prússia viria auxiliar Bevern.

Na Batalha de Breslávia, os prussianos seriam derrotados e Bevern fugiria deixando apenas uma guarnição de 5 mil homens na cidade. Em uma missão de reconhecimento, seria capturado e o que se especula é que ele se deixou ser capturado, provavelmente temendo mais a ira de Frederico do que os austríacos. O resto do exército não teria esse azar, ou essa sorte, e fugiriam de Breslávia. Com a tomada da cidade, a Silésia retornaria para a Áustria após mais de trinta anos, mas eles sabiam que teriam que derrotar Frederico para efetivamente manter o comando da cidade.

Após Rossbach, Frederico marcharia para a Silésia, deixando 13 mil homens em Leipzig e enviando o marechal Keith e 9 mil homens para um ataque diversionista na Boêmia. Após marchar 290 quilômetros em 15 dias, se reuniria com os homens que retornavam da Breslávia e, ao invés de sair dando esporro em todo mundo, procurou elevar o moral das tropas dando vinho e comida aos soldados derrotados na Breslávia enquanto que os vitoriosos de Rossbach contavam histórias do feito glorioso. Faria seu famoso discurso de Prochowice. O discurso foi feito em alemão, ao invés do francês, língua mais comumente utilizada por Frederico, e é como se segue:

“O inimigo mantém o mesmo campo entrincheirado de Breslávia que minhas tropas tão honrosamente defenderam. Eu estou marchando para atacar essa posição. Eu não preciso explicar a minha conduta ou porque eu estou determinado a essa medida. Eu reconheço por completo os perigos envolvidos nessa empreitada, mas na minha presente situação eu devo conquistar ou morrer. Se cairmos, tudo estará perdido. Tenham em mente, cavalheiros, que nós vamos lutar por nossa glória, a preservação de nossas casas, e por nossas esposas e crianças. Aqueles que pensam como eu podem ficar tranquilos que, se forem mortos, eu vou cuidar de suas famílias. Se alguém preferir partir, pode fazê-lo agora, mas ele deixará de ter qualquer reivindicação de minha benevolência”.

No dia seguinte, 4 de dezembro, os prussianos deixaram Prochowice e foram para Neumarkt, onde surpreendentemente encontrariam suprimentos inimigos guardados por mil croatas. Tomaria esses suprimentos e examinariam a posição do inimigo, percebendo que os austríacos estavam deixando suas posições fora de Breslávia e estavam em marcha. Frederico perceberia que essa era a sua chance de atacar os austríacos e teria que fazê-lo rapidamente antes que o inimigo pudessem se organizar defensivamente.

Na manhã do dia 5 de dezembro, Frederico marcharia para a batalha encoberto pela névoa. Não foi uma marcha fácil por conta do clima de outono quase inverno, mas foi providencial essa movimentação acelerada. Frederico chegaria em Borne ainda encoberto pela névoa e lá encontraria o tenente-general Nostiz e três regimentos de cavalaria que tiveram um excelente desempenho na Batalha de Kolin. Nostiz não tinha certeza da força inimiga e acabou surpreendido pelos prussianos, mas conseguiria fugir de Borne com baixas modestas. Porém, a fuga tiraria a cobertura do exército austríaco e Frederico poderia observar o posicionamento inimigo.

Os austríacos estavam colocados no campo de maneira bem convencional, com a infantaria no centro e a cavalaria nos flancos, com a artilharia espalhada pela frente de batalha, o que permitia alcançar uma área menor, porém, impossibilitando concentrar o fogo em um ponto. A linha estava incomumente longa, com três fileiras ao invés de quatro. As experiências anteriores tinham mostrado que Frederico ia tentar virar o flanco do exército deles e os austríacos utilizaram essas medidas para evitar essa manobra. Na Batalha de Kolin, o uso inteligente de reservas contribuiu para a vitória dos aliados e corpos reservas foram destacados e postos sob comando do tenente-general Karl Leopold d’Arenberg.

Após observar o inimigo pessoalmente, Frederico decidiria atacar o flanco esquerdo dos austríacos. E aqui Frederico utilizaria a chamada ordem oblíqua, onde, após analisar pessoalmente o posicionamento inimigo, manobraria para atacar um dos flancos com o centro do seu exército. Os flancos iriam impedir que o centro e o outro flanco do exército inimigo pudessem auxiliar o flanco sob ataque. Não era uma manobra convencional e poderia abalar psicologicamente os combatentes inimigos em uma situação caótica e assim desorganizando o inimigo. Se essa manobra dá certo, é possível usar dois terços de seu exército para enfrentar um terço do inimigo, o que anula a desvantagem numérica que voltaria a existir na Batalha de Leuthen.

A ordem oblíqua falhou em Kolin, mas a história seria diferente agora. Mas, certamente que Frederico não entregaria o seu plano para o inimigo e realizaria uma série de marchas e contra-marchas para dissimular as suas intenções e posicionaria partes de seu exército de forma a dar a entender que o ataque seria pelo centro ou mesmo no flanco direito. O general Lucchese comandando a cavalaria no flanco direito se convenceria de que sua posição seria atacada e pediria que os reservas fossem deslocados para a direita. Lorraine aceitaria o pedido e essa seria uma decisão desastrosa.

Frederico passaria algum tempo manobrando pelo campo de batalha, chegando relativamente perto do exército inimigo, perto o suficiente para que se vissem e longe o bastante para que não entrassem em contato antes da hora e atrapalhasse seus planos como tinha ocorrido em Praga e Kolin. Prejudicados pela cobertura de algumas elevações em alguns pontos, os austríacos julgariam mal as intenções de Frederico e acreditaram que o comandante inimigo estava desistindo da batalha. O general de cavalaria Graf Nadasty observava a movimentação dos prussianos e veria que o seu flanco seria atacado e alertaria Lorraine e Daun, mas sem sucesso.

Do lado prussiano, o tenente-general Zieten cobria o flanco direito, com o major-general Bevern cobrindo seu flanco direito que estava possivelmente exposto. O tenente-general Driessen comandava o flanco esquerdo, que estava mais longe da batalha, e recebeu ordens para avançar caso a oportunidade surgisse. O segundo-em-comando, general de infantaria Anhalt-Dessau, comandaria a infantaria pelo centro.

Após se certificar de que tudo estava pronto, Frederico iria aos porta-bandeiras e diria o seguinte: “É caso de fazer ou morrer! Vocês têm o inimigo na frente e todo nosso exército atrás. Não há espaço para recuar e o único caminho adiante é derrotando o inimigo”. Às 13 horas, o exército prussiano avançaria para o combate. O primeiro confronto se daria em Kiefernberg contra regimentos imperiais e de Württemberg, que não eram maus soldados, mas nunca tinham enfrentado os prussianos e também eram tidos como pouco confiáveis. O ataque seria iniciado pelo major-general Wedel, rapidamente colocando para correr os regimentos destacados por Nadasty para proteger a região, que recuariam para Leuthen. O trabalho de Wedel foi tão fácil que Frederico precisou pedir para que ele desacelerasse e não atacasse Leuthen sozinho. Isso abriu o flanco esquerdo do exército austríaco e permitiu o avanço dos prussianos, resultando no recuo dos austríacos para Leuthen.

A infantaria teve pouco trabalho, mas o choque de cavalarias se mostraria mais desafiante para os prussianos. Nostiz, que retornou de Borne, se juntaria à cavalaria de Nadasty e iria para o ataque contra o flanco direito dos prussianos. Esperavam encontrar o flanco desprotegido, mas teriam que enfrentar Bevern. Nostiz sempre foi um guerreiro corajoso, o que resultaria em ser ferido 14 vezes em combate, mas seria capturado na Batalha de Leuthen. Alguns regimentos prussianos seriam flanqueados e golpeados pelas costas e capturados, mas logo seriam resgatados. Nadasty conseguiria algumas vitórias que poderiam servir para refazer a formação, mas muitos dos soldados não estavam muito interessados e cooperar e continuavam a recuar. Desprotegido, Nadasty seria derrotado, o que representou a queda do flanco esquerdo do exército austríaco.

O desastre se aproximava para os austríacos. Os reservas estavam todos no norte e não havia como tapar o buraco na linha austríaca. Lorraine ordenaria que o que restou da cavalaria do flanco esquerdo enfrentasse os prussianos, mas o comandante, general de cavalaria Serbelloni, que tinha participado da Batalha de Kolin e desempenharia papel semelhante, considerou melhor recuar para Leuthen. Caberia ao tenente-general Buccow tentar frear o avanço dos prussianos. Mas a luta seria desigual, com um número maior de inimigos marchando contra ele contando com apoio da artilharia. Sob o peso das baixas crescentes Buccow seria forçado a recuar.

Isso acabou dando tempo para os reservas de d’Arenberg chegar ao flanco esquerdo com uma marcha forçada de seis quilômetros e meio em uma hora. Certamente que não chegariam na melhor das condições, um pouco cansados, sem artilharia e desorganizados, e também não seriam eles a impor uma resistência mais séria ao avanço prussiano e também recuariam para Leuthen.

Lorraine e Daun organizariam o exército formando uma linha ao norte de Leuthen. A linha não estava de todo organizada, mas os austríacos conseguiram consolidar uma posição para enfrentar os prussianos. O exército de Frederico formaria uma linha ao sul de Leuthen e avançaria contra a vila. Apesar de não estar preparada para defesa, a vila serviria como um obstáculo para o avanço dos soldados prussianos que, não obstante, partiriam para o ataque. Seriam repelidos nas primeiras tentativas, mas logo conseguiriam penetrar na vila em alguns pontos.

Dentro da vila, o ponto de apoio da defesa austríaca seria uma igreja, defendida pelo excelente regimento imperial Rot-Würzburg, que defenderiam com coragem a igreja, mas logo seriam superados pelos prussianos, que tomariam a igreja. Os austríacos fugiriam de Leuthen e refariam a formação fora da vila em um terreno mais propício para a defesa.

Os prussianos tomaram Leuthen, mas a infantaria austríaca ainda resistia. E nem tudo ia bem para Frederico. O lado esquerdo de sua linha sofria pesadas baixas com o fogo da artilharia austríaca e poderia expor toda a linha se entrasse em colapso. Frederico, lembrando de uma situação parecida em Kolin, reforçaria o lado esquerdo de sua linha.

Nesse ponto da batalha, de cada lado havia uma unidade ainda não utilizada, a cavalaria austríaca sob o comando do general de cavalaria Lucchese e a cavalaria prussiana sob o comando de Driesen originalmente no flanco esquerdo do exército prussiano. Lucchese identificou as baterias prussianas e o flanco esquerdo exposto do inimigo, alvos irresistíveis para a cavalaria e avançaria para um ataque que poderia virar o jogo. Porém, de onde estava posicionado, Driesen viu o avanço de Lucchese e seguiria para intercepta-lo. Lucchese foi pego de surpresa quando se aproximava da artilharia prussiana. O ataque prussiano inicial foi devastador, matando o comandante inimigo e infligindo pesadas baixas entre os austríacos, que após o choque inicial conseguiriam equilibrar o combate. A entrada do tenente-general príncipe von Württemberg acabaria desempatando a disputa para o lado prussiano.

Com o cair da noite, os austríacos fugiriam do campo de batalha e deixariam definitivamente Leuthen. Tudo que restava a eles era uma retirada organizada, lançando alguns ataques para ganhar tempo e empregando o que restou da artilharia para manter os prussianos longe. Nadasty comandaria habilmente a retirada, mas acabaria sendo capturado pelos prussianos. Os austríacos cruzariam a ponte de Lissa, mas Frederico persistiria, querendo tomar a ponte para evitar que o inimigo formasse uma nova linha. Sofreria algumas emboscadas dos austríacos, mas a escuridão diminuiria muito a precisão dos ataques, que não tiveram maiores consequências.

Frederico tomaria não apenas a ponte de Lissa, mas também o castelo. Lá, se reuniria com os seus melhores homens, Anhalt-Dessau, Driesen, Zieten e Wedel e seu irmão mais novo Ferdinando, fazendo um discurso e dando as ordens para o próximo dia, encerrando com: “Esse dia irá transmitir a glória de seus nomes e de nossa Nação por toda a posteridade”.

E foi dessa forma que Frederico venceu dois exércitos que tinham mais do que o dobro de homens cada no espaço de um mês. Em Leuthen, o saldo final foi de 6.382 baixas, 20% do contingente, com pouco mais de mil mortes. Do lado austríaco, somando batalha e perseguição, foram 3 mil mortos, de 6 a 7 mil feridos, 22 mil prisioneiros, para não falar na perda de canhões e bandeiras. Nos dias seguintes, Frederico continuaria a perseguição aos austríacos, que recuariam até a Boêmia. Ainda em 1757 tomaria de volta a Breslávia e teria que encerrar o ano por lá mesmo, precisando descansar após um ano muito movimentado.

Acreditando que o inimigo estava desmoralizado, Frederico enviaria cartas para a imperatriz Maria Teresa da Áustria sugerindo uma negociação de paz, mas Maria Teresa se recusaria, sabendo que França e Rússia ainda estavam dispostas a continuar com a guerra. Frederico não conseguiria a paz que desejava e teria ainda anos difíceis ao longo da Guerra dos Sete Anos, mas, nas suas próprias palavras, sua glória ficaria por toda a posteridade com essas duas incríveis vitórias.

domingo, 17 de maio de 2015

Guerra dos Sete Anos



A Guerra dos Sete Anos pode ser entendida como a Guerra Mundial Zero, sendo um dos primeiros conflitos a ter impactos em uma escala que ultrapassa um continente. Iniciou-se em 1756 apenas oito anos após outro grande conflito europeu, a Guerra da Sucessão da Áustria, que deixou várias questões mal resolvidas que resultariam em outra guerra, como a disputa pela Silésia entre Prússia e Áustria e disputas colônias entre Grã-Bretanha e França.

Apesar de haver uma continuidade com a Guerra da Sucessão da Áustria, há diferenças importantes. Foi uma guerra de maior escala, comprometendo mais recursos das nações envolvidas do que antes. Foi também empreendida com alianças diferentes, a Grã-Bretanha se aliando à Prússia contra a Áustria quando havia feito o contrário anteriormente. O mesmo ocorreu com a França, que trocou a aliança com a Prússia para se aliar com a Áustria na Guerra dos Sete Anos. Diversas nações se envolveram no conflito, mas os principais eram de um lado a Áustria da rainha Maria Teresa, a França de Luís XV e a Rússia da czarina Isabel contra a Prússia de Frederico, o Grande e a Grã-Bretanha de George II e depois George III.

Dando caráter mundial ao conflito, a Nova França, as colônias francesas na América do Norte, e as 13 Colônias inglesas também entraram em conflito no mesmo período. Na verdade, as hostilidades no Novo Mundo começaram alguns anos antes, com diversas disputas territoriais entre as duas colônias. O conflito escalou e as metrópoles enviaram dinheiro, homens e navios para atuarem na disputa. A Índia também era objeto de disputa entre os dois impérios coloniais e suas Companhias das Índias. Os constantes conflitos convenceram França e Grã-Bretanha de que precisavam de aliados para superar um ao outro. Ao mesmo tempo, a paz selada com o Tratado de Aix-la-Chapelle era praticamente vista como uma paz temporária e ainda havia ressentimentos da Guerra da Sucessão da Áustria, em especial a disputa da Silésia. Nesse meio tempo, as nações se envolveriam em intensa diplomacia que mexeria totalmente com o tabuleiro político, de forma já mencionada.

Basicamente, Áustria queria a Silésia de volta e a Prússia queria não apenas manter a Silésia, mas também precisaria lidar com a Rússia, que via com preocupação o expansionismo prussiano. França e Grã-Bretanha tinham as suas disputas coloniais, mas, além disso, a Grã-Bretanha tinha o Eleitorado de Hanover, que garantia um voto na eleição do Sacro Imperador Romano. O Eleitorado era alvo de cobiça da França e da Prússia e a Grã-Bretanha precisava proteger, já que a sua perda poderia resultar em perdas ainda maiores em seu império. Por esse motivo, a Grã-Bretanha gostaria que a Europa permanecesse em paz para que pudesse enfrentar a França no Novo Mundo e procuraria atuar diplomaticamente nesse sentido. Via na Rússia um possível contrapeso contra as ambições prussianas e uma garantia ao Eleitorado de Hanover. Após um acordo, a Rússia concordaria em enviar tropas para Hanover em troca de um pagamento. Frederico II temia uma aliança anglo-russa e tentaria atuar nos bastidores, jurando que não tinha ambições em Hanover. Isso daria certo e Prússia e Grã-Bretanha assinariam acordos de defesa mútua.

Do outro lado, a Áustria não desejava uma paz europeia, diferente dos britânicos. Queria de volta a Silésia e se sentiu traída em sua aliança de longa data com a Grã-Bretanha após a opção de entrar em acordo com a Prússia. Procuraria a França para um acordo e a Grã-Bretanha tentaria argumentar que esse era meramente um acordo defensivo. A Rússia tinha uma série de objetivos, alguns conflitantes no quadro político que se formaria, como barrar o avanço da Prússia, com ajuda da Áustria, evitar que a França se movimentasse contra a Áustria, conseguir com que a Polônia permitisse movimentações de tropas russas em seu território e manter a Suécia e o Império Otomano fora dessas disputas.

Em primeiro de maio de 1756, seria firmado o primeiro Tratado de Versalhes entre Áustria e França, estabelecendo a neutralidade austríaca em caso de uma guerra colonial entre França e Grã-Bretanha e ajuda mútua em caso de ataque. O plano austríaco era que se a França avançasse contra Hanover entraria em confronto com a Prússia, o que enfraqueceria a proteção à Silésia. A Rússia não seria signatária do acordo, porque os franceses temiam que a Rússia avançasse contra a Polônia, havendo uma proximidade entre a França e a Polônia, o rei da Polônia ainda sendo Eleitor da Saxônia. No final das contas, Polônia, França e Áustria entrariam em acordo com a Rússia nos estágios inicia da Guerra, a França se tornando protetora da Polônia no lugar da Grã-Bretanha e a Rússia prometendo não atacar a Polônia e marchar sobre seu território com mínimo dano. E então teríamos a situação que afligiria os sucessores de Frederico, o Grande, séculos depois, uma guerra em duas frentes com França e Rússia, tendo ainda que lidar com a Áustria ao sul.

Exércitos Opostos
O mosquete era a principal arma utilizada pelos combatentes no século XVIII. Não era uma arma precisa, e nem era necessário que fosse, sendo relativamente rápida de atirar comparado com as alternativas da época. A formação padrão era a linha de frente atirar com o mosquete para causar dano devastador a curta distância e isso levou ao alongamento das linhas, que chegavam a sete quilômetros. Nos flancos, eram colocadas peças de artilharia para aumentar o poder de fogo e criar uma separação entre os batalhões de infantaria opostos. O número de linhas variava de exército para exército e foi sofrendo alterações conforme ocorriam baixas ao longo da guerra. As táticas mais comuns eram ou flanquear o exército inimigo ou desferir um ataque frontal devastador.

Nesse tipo de guerra, disciplina era essencial, pois os soldados precisavam marchar longas distâncias mantendo linhas coesas independente do terreno que atravessavam. Precisavam se preparar rapidamente para o combate e demora em se mobilizar poderia significar a derrota. Em batalha, os soldados precisavam enfrentar o fogo dos mosquetes e atirar apenas quando ordenado.

Vou agora comentar sobre exércitos específicos, começando com a Prússia. O tamanho do exército era de 145 mil homens e era considerado o mais eficiente em combate, sendo muito bem treinado em táticas de marcha que renderiam vitórias a Frederico, o Grande. Os prussianos também utilizavam com eficiência a cavalaria pesada para infligir um primeiro ataque pesado no inimigo.

A Prússia tinha um sistema de alistamento bem organizado, regularmente recrutando homens que seriam treinados e serviriam no exército, com os melhores homens servindo junto com tropas regulares. Ao final de cada temporada, voltavam a seus afazeres e seriam chamados novamente para novo treinamento. Na guerra, os homens que treinavam com as tropas regulares se juntavam a elas para o combate e os demais ficavam como reserva. Era um sistema eficiente, mas a duração da guerra acabaria tornando escasso o número de homens mais capazes e o sistema se mostrou incapaz de fornecer soldados na quantidade e qualidade necessárias. Mercenários estrangeiros engrossariam as fileiras prussianas, representando 25% dos soldados, e desertores e prisioneiros inimigos acabariam servindo nos estágios finais da guerra.

Frederico foi inovador ao desenvolver a artilharia a cavalo e usava isso e morteiros para aumentar o seu poder de fogo. A sua grande fraqueza eram as tropas leves austríacas, Frederico falhando em reconhecer o seu valor e pagando caro por isso. Criou o Frei-corps para lidar com essa ameaça, mas como os soldados não tinham recebido treinamento adequado e como eram pouco disciplinados por serem compostos por desertores e prisioneiros, essa unidade não se mostraria efetiva em contrabalancear a infantaria leve austríaca. Ao final da Guerra dos Sete Anos, o exército prussiano seria reconhecido por seus contemporâneos como o modelo a ser seguido, embora tivesse lá as suas fraquezas.

A Grã-Bretanha tinha um exército de 90 mil homens, que aumentaria para 150 mil ao longo da guerra. Boa parte estava servindo nas colônias e os britânicos teriam dificuldades em recrutar soldados de qualidade e também teriam que recorrer a prisioneiros. Os britânicos tinham como grande qualidade a capacidade de se adaptarem à situação, sendo óbvio que a formação em linha seria ineficaz nas florestas na América do Norte. Após algumas derrotas, acabariam aprendendo com os erros e adaptando as suas táticas para a guerra no Novo Mundo.

A Rússia tinha um exército de mais de 300 mil homens, embora utilizasse por volta de 90 mil em uma campanha. Essa era uma enorme vantagem, não apenas por poder empregar mais homens no campo de batalha, mas também por possibilitar maior uso de reservas. Porém, o exército russo era uma enorme massa desorganizada e que tinha uma linha de suprimentos tão ineficiente que nos acordos com a Áustria ficou estabelecido que os austríacos cuidariam da linha de suprimentos dos russos. Isso se mostraria um grande problema, ao impedir que os russos explorassem vitórias por não terem como dar andamento para o confronto ou ainda terem que recuar por não terem suprimentos para manter o território ganho. O comando do exército também não era competente o suficiente para explorar a vantagem numérica. Reformas seriam feitas, algumas mais atrapalhando do que ajudando, mas ao menos defensivamente os russos eram bastante competentes, muito por conta da extraordinária coragem dos soldados russos. O próprio Frederico observaria que se os russos soubessem explorar as suas vitórias ele teria perdido a guerra.

A Áustria tinha um exército com 210 mil homens. Após as derrotas que resultaram na perda da Silésia para a Prússia, os austríacos procurariam aprender com o inimigo e melhorariam seus métodos e treinamentos. Conhecendo o inimigo, os austríacos evitariam o confronto com os prussianos, preferindo lutar entre colinas e florestas ao invés de campo aberto onde poderiam ser superados pelas táticas de marcha de Frederico. Basicamente, adotariam uma postura mais defensiva para encarar a Prússia. Lutar nessas condições dificultaria o trabalho dos prussianos, que não poderiam explorar a mobilidade de suas forças. O grande trunfo dos austríacos foram as tropas leves, os corpos Grenzer, formados por soldados da região dos Balcãs. Eles eram usados em missões de reconhecimento e busca de suprimentos e em batalha atacavam os flancos dos prussianos. Assim como os russos, possuíam comandante fracos que conseguiriam se manter na defensiva, mas não teriam o ímpeto para se lançarem ao ataque. A falta de coordenação entre austríacos e russos também seria um problema e Frederico apontaria como uma razão para a sua sobrevivência a falta de iniciativa ofensiva dos dois inimigos.

A França passava por um momento difícil militarmente, com um exército de 200 mil homens pouco disciplinados, com liderança fraca, falta de oficiais competentes e sofrendo com a falta de reformas. A exceção eram os soldados nas colônias, que conseguiram diversas vitórias sobre os britânicos por compreenderem melhor o terreno e se adaptarem a ele muito antes do inimigo. Nas Índias, contavam com nativos bem treinados, o que só mais tarde os britânicos copiariam. As tropas nas colônias sofreriam ao não receberem reforços, já que a marinha britânica tinha bloqueado o caminho e decairiam de qualidade com o tempo. Faltaria até dinheiro para pagar os soldados nas Índias, o que resultaria em deserções que reforçariam os britânicos. Tentariam melhorar o treinamento ao longo da guerra, mas isso seria tardio demais para ter algum efeito prático. Os soldados na Europa também sofreriam com falta de pagamento, o que agravaria o problema da disciplina, ainda mais com a escassez de oficiais de comando. Os franceses veriam o valor das tropas leves, mas isso não teria grande impacto na Guerra dos Sete Anos.

A Guerra
A Guerra dos Sete Anos não teve um casus belli bem definido nem nenhum evento que catalisou a guerra. Mas podemos apontar como um começo as disputas entre Grã-Bretanha e França, que começou na América do Norte e continuou com a disputa pela ilha de Minorca que levou os britânicos a declarar guerra. Isso não desencadeou uma série de declarações de guerra, mas logo ficaria claro que o conflito não ficaria restrito às duas nações. França via que Hanover era um peso para os britânicos e se mobilizaria para um ataque, que levaria os britânicos a recrutar tropas locais para proteger o Eleitorado.

Frederico II através de seus espiões ficou sabendo que a Áustria e a Rússia se mobilizavam, possivelmente para tomarem o Eleitorado de Hanover. Decidiria então atacar a Saxônia do Sacro Império Romano, aliado da Áustria. Com um exército de 63 mil homens, empurrou para trás os saxões com 18 mil soldados, que se refugiaram em Pirna onde ficariam cercados pelos prussianos que tomariam Dresden e Leipzig. Tropas sob comando do príncipe Ferdinando de Brunswick seriam enviados para a fronteira da Boêmia, para onde os austríacos também enviariam tropas para tentarem chegar à Saxônia e acabar com o cerco a Pirna.

Frederico acabaria assumindo o controle da situação e enfrentaria os austríacos em Losboch. Em 1º de Outubro de 1756, austríacos e prussianos se enfrentariam e as forças de Frederico, o Grande, acabaram prevalecendo, mas não sem sofrer um número tão grande de baixas quanto o inimigo. Os austríacos conseguiram enviar um corpo para auxiliar os saxões, mas Pirna acabou se rendendo à Prússia e suas unidades incorporadas ao exército prussiano.

Logo ficaria claro que os dois conflitos não poderiam ficar separados e também que nenhuma solução pacífica poderia existir. Então, Áustria e França se aliaram junto com a Rússia, enquanto Prússia e Grã-Bretanha também transformariam acordos defensivos em ofensivos.

A Guerra dos Sete Anos transcorreria em diversos teatros de operações. Os conflitos navais foram principalmente entre britânicos e franceses, inclusive na América do Norte e Caribe. No Novo Mundo, os britânicos primeiro teriam dificuldades em lutar em selvas, mas logo se acostumariam a esse terreno e mudariam a maré até vencerem os franceses em 1760. Na Europa Ocidental, o conflito seria entre franceses, britânicos e prussianos, tendo em vista primordialmente o controle de Hanover. Na Europa Central, Prússia, Áustria e Rússia se enfrentariam, principalmente na Silésia, Saxônia e Boêmia. Frederico começaria a guerra almejando a rica Saxônia e esperava derrotar rapidamente os austríacos antes que os russos pudessem chegar para a guerra, mas seu plano fracassaria como outros planos similares falhariam em outras épocas. Em 1758, o plano de Frederico seria atacar os austríacos e russos de forma a evitar que formassem uma frente unificada, mas falharia e em 1759 assumiria a defensiva. O último teatro de operações foi a Índia, onde franceses e britânicos combaterem para dominarem o comércio na região. Os dois lados arregimentaram tropas locais para lutarem, usando tanto nativos quanto europeus, e as batalhas foram em uma escala menor do que no teatro Europeu. Os britânicos conseguiram se utilizar de bloqueios navais para evitar que reforços franceses chegassem, o que seria decisivo para uma vitória da Grã-Bretanha.

Agora, vou analisar com maiores detalhes cada teatro de operações. Na Guerra Naval, em termos de tonelagem, tínhamos a Marinha Real com 277 mil toneladas em 1755 e 375 mil em 1760 contra 162 mil e depois 156 mil da França. Essa é uma bela vantagem dos britânicos, que, porém, temiam uma aliança entre França e Espanha cuja tonelagem conjunta poderia superar a deles. A Espanha só entraria na guerra em 1762, quando a França já tinha sido derrotada por mar e possibilitou que a Grã-Bretanha pudesse focar no novo inimigo.

A Marinha Real utilizou três estratégias ao longo da guerra. A primeira era alvejar a frota comercial francesa, para reduzir o poderio econômico do inimigo e para aumentar o seu próprio. A segunda foi utilizar de bloqueios em suas próprias águas para restringir a área de atuação dos franceses. A terceira foi utilizar a marinha para levar a guerra para outros teatros de operação, como a América do Norte. A Grã-Bretanha foi capaz de aumentar a sua frota não apenas construindo novos navios, mas tomando dos franceses e depois dos espanhóis. Os franceses, por sua vez, foram prejudicados pela falta de uma estratégia unificada para enfrentar os britânicos, sem haver a definição de qual deveria ser a prioridade para a batalha naval.

Taticamente, a prática comum era de alinhar os navios como se fazia em terra. Outra opção era a de chegar perto do inimigo e iniciar um combate corporal. Os almirantes britânicos tinham ordens de combater em linhas, mas depois veriam que a superioridade na mobilidade tornaria vantajoso utilizar o combate mais próximo.

Os franceses tiveram sucesso nos estágios iniciais da guerra naval, com vitórias em Minorca e na América do Norte. Porém, logo os britânicos impuseram a sua superioridade naval e através das três estratégias mencionadas sufocou os franceses na América do Norte, atacou o comércio marítimo da França e bloqueou os franceses em suas próprias águas. A partir de 1760, os franceses já não mais procurariam a luta pelo mar, mas continuariam a sofrer com o prejuízo no comércio marítimo. Com a França praticamente descartada no mar, os britânicos poderiam focar em um novo inimigo que surgiria em 1762, a Espanha.

Na Europa Ocidental, os franceses seriam obrigados a atacar a Prússia por conta dos acordos com a Áustria. Sabendo disso, Frederico procuraria ajuda de seus aliados para lutar contra os franceses, principalmente visando proteger Hanover. Os britânicos não estavam muito dispostos a enviar tropas para o continente, considerando que a guerra nas colônias era prioridade. A solução foi o recrutamento de soldados na região, que seriam pagos pelos britânicos. Em março de 1757, os franceses e seus aliados austríacos e germânicos marchavam contra Hanover, com um exército de 100 mil homens contra 47 mil defensores, sendo que alguns ainda se deslocavam vindos da Grã-Bretanha. Os franceses e aliados avançariam contra Hanover empurrando os defensores para trás e venceriam a batalha de Hastenbeck em 26 de julho de 1757, que teria como resultado a tomada de Hanover pelos franceses. Os britânicos tentaram utilizar de ataques marítimos na costa francesa para tentar desviar a atenção dos franceses e força-los a remover tropas de Hanover para reforçar outros pontos, mas o foco ainda era a batalha na América do Norte e a situação não seria revertida em 1757.

Na Europa Central, Frederico invadiria a Boêmia em 1757 e obteria uma vitória decisiva contra o exército austríaco. Os dois exércitos voltariam a se enfrentar na Batalha de Praga, com nova vitória da Prússia que terminaria no cerco de Praga. O marechal austríaco Leopold Joseph von Daun enviaria uma força para atacar o exército prussiano. O confronto das duas forças se daria na Batalha de Kolin, dessa vez com vitória dos austríacos. O resultado forçaria Frederico a abandonar o cerco de Praga e recuar da Boêmia.

Na Prússia Leste, haveria confrontos entre a Rússia e a Prússia. Com os ataques à Saxônia, o Eleitor da Saxônia e Rei da Polônia daria permissão para que os russos marchassem em seu território para enfrentar os prussianos. Apesar de estarem em desvantagem de 2 para 1, os prussianos foram para o ataque. Comandados pelo marechal de campo Hans Lewaldt, os prussianos atacaram a cidade de Gross-Jägersdorf. Foram derrotados, mas infligiram perdas iguais a um exército numericamente superior. A Prússia recuaria da Prússia Leste, mas os russos acabariam fazendo o mesmo.

A sorte da Prússia começaria a mudar mais ao oeste. Na primeira e única vez em que forças francesas e prussianas se enfrentariam diretamente, os franceses e seus aliados germânicos tinham 42 mil homens para atacar Brandenburgo. Frederico, após deixar tropas na Silésia e levando em conta as baixas de Kolin, tinha apenas 21 mil homens a disposição para enfrentar o inimigo. Os franceses marcharam contra o acampamento de Frederico em Rossbach em 4 de novembro e foram atacados por 38 esquadrões de cavalaria liderados pelo major-general Frederick Wilhelm von Seydlitz. A infantaria prussiana logo se juntaria ao ataque e os franco-germânicos se desorganizariam e dispersariam. A batalha se deu muito rapidamente, o inimigo não teve tempo de reação e foi presa fácil dos prussianos. O resultado da batalha de Rossbach foi impressionante, os prussianos em desvantagem de 2 para 1 causando 10 mil baixas no inimigo e perdendo apenas 548 homens.

Logo depois, Frederico teria que se voltar ao leste para enfrentar um ataque austríaco. Os franceses não mais tentariam atacar a Prússia, concentrando as forças em Hanover. A Silésia seria o campo para a próxima grande batalha. Os austríacos atacaram e tomaram a capital da Silésia, Breslávia, e Frederico lançaria um ataque com 30 mil homens mais 3 mil dentre os remanescentes do exército que defendia a Silésia. Os austríacos tinham o dobro dos homens e em 5 de dezembro os dois exércitos se enfrentariam em Leuthen. Mais uma vez em desvantagem de 2 para 1, Frederico conseguiria a sua mais brilhante vitória usando a ordem oblíqua. Frederico concentrou as suas forças no flanco sul do inimigo e atacaria a linha inimiga seguindo para o norte. Essa manobra proporcionou mais uma grande vitória para Frederico, que perdeu 11 mil homens enquanto o inimigo teve 22 mil baixas. Essa foi uma vitória ainda mais meritória do que em Rossbach porque o exército austríaco era considerado melhor preparado e lutou com grande bravura, mas acabaram sendo derrotados. A ordem oblíqua foi uma grande manobra, mas não teria o mesmo sucesso no futuro porque os austríacos aprenderam com os erros. A Prússia tinha a iniciativa, mas não podia empreender novas campanhas, pois ainda precisava se recuperar das baixas ocorridas ao longo de 1757.

Nas Índias, franceses e britânicos disputavam uma importante área de comércio para as suas Companhias Comerciais. Em 1757, o foco das tensões seria Bengala, cujo nababo local era hostil aos ingleses e procuraria uma aliança com os franceses. Haveria uma série de confrontos entre os britânicos e as forças do nababo de Bengala e aliados franceses. A Batalha de Plassey resultaria em vitória decisiva dos britânicos, que contaram com a ajuda de conspiradores liderados por Mir Jaffar, que se tornaria o novo nababo e se aliaria aos britânicos, que consolidariam uma posição forte na Índia. No ano seguinte, as batalhas se concentrariam na região Carnática, com os franceses ambicionando tomar Madras, mas sem sucesso. Em 1759, pouca coisa aconteceria nas Índias. No ano seguinte, porém, teríamos a Batalha de Wandiwash que terminaria com vitória definitiva para os britânicos e acabariam selando o destino da frente indiana da Guerra dos Sete Anos. Em 1761, os franceses perderiam a sua última posse nas Índias em Pondicherry.

Na América do Norte, 1757 foi um bom ano para os franceses, que tomaram o Fort George dos britânicos. No ano seguinte, a Grã-Bretanha viraria o jogo com duas grandes vitórias, tomando os fortes Louisbourg e Duquesne, sem no entanto conseguindo capturar Carillon, objetivo só alcançado no ano seguinte, quando também tomariam Quebec dos franceses. Em 1760, o plano dos britânicos de tomar Montreal quase deu errado quando boa parte das tropas adoeceu, o que tornou Quebec presa fácil para os franceses, mas reforços vindos pelo mar não apenas aliviaram a situação, mas também permitiram a captura de Montreal.

Na Europa Ocidental, os britânicos não aceitaram negociar a ocupação de Hanover e insistiriam na retomada, mas deixariam para os prussianos esse trabalho, os britânicos apenas pagando a manutenção do exército. Sob o comando do cunhado de Frederico, princípe Ferdinando de Brunswick, os prussianos obtiveram uma vitória esmagadora contra os franceses, causando 16 mil baixas entre mortos, feridos e desertores contra apenas 200 baixas sofridas. Finalmente, a Grã-Bretanha enviaria soldados para o continente e ajudaria a proteger Hanover. A defesa dessa posição acabou tendo duas utilidades estratégicas, protegendo o flanco direito de Frederico e desviando tropas francesas que poderiam ter sido melhor utilizadas nas colônias. As forças de Ferdinando e os franceses se enfrentariam em 1759 tendo em disputa território francês e Hanover, mas nenhum dos lados ganharia muito território.

Na Europa Central, Frederico não precisava mais se preocupar com a França, mas ainda tinha dois poderosos inimigos, Rússia e Áustria. Frederico decidiu primeiro atacar a Áustria, pois entendia que a Rússia só atacaria no verão. Tomou as posições austríacas na Silésia e seu objetivo era tomar a cidade de Olmütz. Chegaria na cidade e a sitiaria, porém, o cerco demorou tempo demais e Frederico foi obrigado a recuar ao saber que os russos estavam em marcha. O exército Russo atravessou a Prússia Leste destruindo tudo pelo caminho, enfurecendo os prussianos. Os dois exércitos se encontrariam na Batalha de Zorndorf em 25 de agosto de 1758. O feroz confronto terminaria em um empate, com 13 mil baixas prussianas e 19 mil russas. Os dois exércitos ficariam próximos um do outro, mas não entrariam mais em confronto nesse ano ou no próximo.

Frederico voltaria a sua atenção para a Áustria. Haveria um grande confronto perto da vila de Hochkirch. Frederico acreditava que estava apenas enfrentando tropas leves e esse erro de julgamento acabaria por lhe custar a batalha, mas sem maiores consequências. Os austríacos avançariam contra Dresden, mas reforços chegariam e expulsariam o inimigo. 1758 acabou sendo um bom ano para Frederico, que segurou os russos na Prússia Leste e expulsou os austríacos da Silésia e de boa parte da Saxônia, mas no acumulado dos últimos três anos as baixas já chegavam a 100 mil homens, boa parte composta por veteranos de guerra altamente treinados.

Já 1759 não seria um bom ano para Frederico e para a Prússia. Sofreria a sua pior derrota até então na Batalha de Kunersdorf contra principalmente soldados russos. Foram 19 mil baixas prussianas contra 15 mil baixas russas e austríacas. Os russos queriam aproveitar essa vitória para se encaminharem para Berlim, mas teriam que fazer um desvio para o sul para auxiliar forças austríacas que estavam tendo problemas com os prussianos. Frederico não estava na melhor situação possível, tendo perdido ainda a estratégica cidade de Dresden, mas seus inimigos foram incapazes de combinarem esforços para aproveitarem as suas vitórias e deram mais sobrevida para a Prússia.

Na Europa Ocidental, haveria um confronto entre os aliados e a França na Batalha de Warburg em 31 de julho de 1760, com vitória até confortável dos aliados. Na Batalha de Kloster Kampen, em 15 de outubro, o resultado seria diferente, com vitória francesa, porém, com baixas em igual número nos dois lados. No final das contas, o resultado foi pior para os franceses, que não conseguiram vitórias que compensassem as perdas na América do Norte ou nas Índias.

Já na Europa Central, os austríacos teriam uma vitória na região da Silésia na Batalha de Landeshut, quando o exército do general Loudon estava em muito maior vantagem e obteve uma vitória esmagadora, causando 10 mil baixas entre mortos, feridos e capturados de um exército de 11 mil. Loudon juntaria forças com o marechal Daun e iria enfrentar o exército prussiano principal com uma vantagem numérica total de 90 mil contra 30 mil. Frederico manobraria à noite e mudaria de posição, atacando o exército de Loudon que não recebeu ajuda de Daun e foi derrotado, perdendo 8 mil homens contra 3 mil baixas prussianas. Frederico mostrou habilidade superior na condução de tropas vencendo uma vez mais um exército numericamente superior. Essa batalha acabou assegurando o controle da Silésia para a Prússia.

Em uma rara operação conjunta, austríacos e russos atacaram Berlim e tomaram a cidade e exigiram tributos. Porém, Frederico logo trataria de expulsar os invasores. O exército austríaco do marechal Daun atacaria a Saxônia e Frederico reagiria, dividindo seu exército em dois corpos. Destacaria um deles para impedir que reforços chegassem vindos de Dresden enquanto que outro se dirigiria para o exército de Daun. Lançaria dois ataques contra o inimigo e ambos falhariam. Porém, o corpo que tinha sido destacado para evitar reforços atacaria os austríacos pelas costas e faria com que o inimigo recuasse.

Os três últimos anos da guerra seriam marcados pela exaustão militar e financeira dos beligerantes, por esforços para encerrar a guerra nos melhores termos possíveis e pela morte da Czarina Isabel. A Prússia adotaria de vez uma estratégia defensiva para se proteger de novas ofensivas dos austríacos e russos. A morte da czarina seria positiva para os prussianos já que resultou na retirada da Rússia da guerra, permitindo que se concentrasse em um único inimigo, a Áustria. Na Europa Ocidental, a França queria tomar Hanover, mas não teria sucesso algum nessa empreitada. França e Grã-Bretanha teriam conversas de paz, interrompidas com a informação de que secretamente a França negociava a entrada da Espanha no conflito. Os britânicos aproveitaram a deixa e resolveram atacar também a Espanha, que oferecia certa ameaça naval e essa foi a oportunidade perfeita para varrê-los do mar. Aproveitando os navios que estavam na América do Norte e na Índia, a Grã-Bretanha atacou colônias espanholas e francesas no Caribe e nas Filipinas.

A Prússia tinha um exército de 100 mil homens nos estágios finais da guerra, composto principalmente por recrutas e prisioneiros que não poderiam executar as manobras que Frederico tão magistralmente lançou contra os inimigos, mais um motivo para adotar uma estratégia defensiva. Os exércitos da Rússia e da Áustria somavam 130 mil homens e iriam para a ofensiva para tomar a Silésia. Frederico montaria diversos fortes e acampamentos para preparar a defesa da Silésia. Um acampamento fortificado importante foi erigido em Bunzelwitz, que Frederico julgou que não seria alvo do inimigo e removeria tropas dele. Isso se mostraria um erro e o acampamento seria tomado pelo inimigo, que continuaria a se aproximar.

Quando a situação parecia piorar, a sorte ajudaria Frederico com a morte da czarina Isabel no começo de 1762. O sucessor seria o príncipe Pedro, que era um admirador de Frederico e buscaria a paz com a Prússia. Em 5 de março, o Tratado de São Petersburgo selaria a paz entre as duas nações e permitira que Frederico se concentrasse em apenas um inimigo. Alguns meses depois Pedro perderia o trono para a sua própria esposa, Catarina, a Grande, que desejava retomar a guerra contra a Prússia, mas a Rússia acabaria ficando neutra mesmo. Prússia e Áustria continuariam a lutar pela Silésia e pela Saxônia, sabendo que a paz não demoraria.

No final de 1762, um mensageiro austríaco iria para a Prússia e as conversas de paz começariam para encerrarem a guerra oficialmente em 1763. A Guerra dos Sete Anos terminaria com a assinatura de dois tratados principais. O de Paris envolveu Grã-Bretanha, França e Espanha, onde seriam redistribuídas as colônias na América, Ásia e África, com a Grã-Bretanha levando vantagem na maior parte dos casos, e com o acordo de retirada de tropas francesas na Europa Central. Os austríacos e os prussianos se acertariam no Tratado de Hubertusburgo, restaurando as fronteiras de antes da guerra, com a retirada das tropas austríacas da Silésia e das prussianas da Saxônia. Na Europa, aparentemente não houve vencedor, porém, nenhum dos objetivos da Rússia e da Áustria foi alcançado e a Prússia, apesar de não ter obtido ganho territorial, sobreviveu e se afirmou como grande potência europeia.

Nenhum dos envolvidos obteve ganhos expressivos, mas muito se perdeu em termos materiais e humanos. O legado da guerra foi a evolução técnica no campo militar, especialmente as outras nações tentando copiar a Prússia e modernizar seus exércitos. Mas outro legado também foi uma série de dificuldades econômicas e financeiras nas nações envolvidas, o que acabaria culminando depois na independência das 13 Colônias e na Revolução Francesa. Prússia e Rússia se firmariam como potências no cenário europeu, prestígio que a Áustria iria perdendo aos poucos. E todo esse cenário teria influência nas Guerras Napoleônicas, que é outra história completamente diferente.