quinta-feira, 31 de julho de 2014

Castelo Animado




Bem-vindos de volta a Ni no Kuni. Nesse vídeo, vou falar sobre o filme Castelo Animado, dirigido por Hayao Miyazaki e lançado em 2004. Esse é um filme de aventura, o último lançado pelo diretor, os dois seguintes não seguindo tanto essa linha. Foi baseado no livro de mesmo nome (ao menos em inglês) de Diana Wynne Jones.

O filme conta a história de Sophie Hatter, uma chapeleira meio tímida e com graves problemas de autoestima, não se considerando bonita. Não ajuda nada o fato dela manter o cabelo preso em uma longa trança e se vestir como uma vovó.

Um dia, enquanto ia para a padaria encontrar a irmã, Lettie, ela é abordada por dois soldados que começam a importuná-la. Um estranho e belo homem chega e com um feitiço livra Sophie desse perigo. Porém, o próprio homem estava sendo seguido por seres estranhos e ele precisa usar sua magia para salvar os dois, levitando pelo ar e levando a garota até a padaria.

De noite, uma estranha cliente aparece em sua loja. É a Bruxa do Pântano, que além de insultar Sophie joga um feitiço nela, a transformando em uma velha de 90 anos. Sophie, agora uma senhora idosa, não pode ficar mais onde estava e parte em busca de uma cura.

No caminho, encontra um espantalho, que é mais do que isso, é um espantalho vivo. Ele a ajuda a procurar um lugar para ficar e a leva para um castelo ambulante. Aliás, o título em inglês, igual ao japonês, poderia ser traduzido como O Castelo Ambulante de Howl.

No castelo, Sophie encontra Calcifer, o demônio do fogo responsável por fazer o castelo se mover. Encontra também o aprendiz do dono do castelo, Markl. E por fim, o dono do castelo aparece, Howl, que nada mais é do que o mágico que apareceu no começo do filme e ajudou Sophie. Por conta dessa ajuda, acabou sendo alvo da Bruxa do Pântano, que quer o coração de Howl, no sentido romântico e literal.

Sophie resolve ajudar Howl e dá uma bela faxina no castelo, que é um lugar bem interessante. A porta do castelo dá para quatro lugares diferentes: onde ele realmente está e duas cidades em reinos que estão em guerra um com o outro. O quarto lugar só Howl sabe o que é.

Aqui, vemos o envolvimento entre os quatro personagens, Sophie, Howl, Calcifer e Markl. Sophie conquista a todos com sua bondade e simpatia e se torna muito querida por todos. Um dia, Howl pede para que Sophie vá em seu lugar em uma audiência com o rei de um dos reinos, que certamente pedirá a sua ajuda na guerra. Sophie deve fazer o papel da mãe de Howl e dizer que o mago não quer ajudar.

No caminho, Sophie encontra a Bruxa do Pântano, que também tinha uma audiência com o rei. As duas precisam seguir para o palácio depois de subir uma longa escadaria, o que deixa as duas exaustas, mas com a Bruxa levando a pior. Chegando na audiência, descobrem que vão na verdade falar com Suliman, a feiticeira do rei. Ela drena todo o poder da Bruxa do Pântano e a faz voltar a ser uma mulher idosa. Quanto à Sophie, Suliman avisa que Howl terá o mesmo destino se ele não a ajudar, mas Sophie rompe o disfarce e declara que Howl não irá ajuda-la e nesse momento o feitiço se enfraquece e Sophie volta a sua idade normal por algum tempo.

Howl aparece e confronta Suliman. Ele acaba salvando Sophie e voa em um estranho objeto voador para longe. Acaba revelando a sua verdadeira forma, um monstro voador de aparência terrível. Temos quatro personagens com alguma maldição, Sophie, Calcifer, Howl e o espantalho que mencionei antes e que terá um papel importante no futuro. Na volta para casa, acabam levando junto a agora sem poder Bruxa do Pântano e o cachorro de Suliman.

De volta para casa, Sophie acaba acolhendo a Bruxa do Pântano apesar de todo o mal que ela fez. Howl desaparece de casa por períodos longos no decorrer do filme. Ele está lutando na guerra, destruindo aviões de ambos os lados. A cidade onde eles estão acaba sendo bombardeada e Calcifer sozinho não pode proteger a todos.

Cabe a Howl então ajuda-los, mas ele próprio já está enfraquecido e ficará ainda pior quando descobrimos mais sobre a maldição dele e de Calcifer. O clímax do filme é a busca por sobrevivência dos personagens diante do bombardeio. De algum modo, que não vou falar, a Bruxa do Pântano acaba tomando uma ação que piora as coisas, mas com um jeitinho bem próprio Sophie acaba resolvendo a situação. Mas será que todos vão sobreviver? Será que a maldição de todos irá ser quebrada? E a guerra? Bom, não vou spoilar isso: assistam e vejam por vocês mesmos.

Assim como ocorreu com o Castelo no Céu, eu só tinha assistido uma vez até assistir de novo para escrever o roteiro desse vídeo e não tinha lembranças boas. Novamente o meu parâmetro era o Nausicaa e o Princesa Mononke. Por esse padrão, o Castelo Animado passa longe. Na época, acho que esperava um enredo mais denso e também a ausência de vilã. Mas agora posso dizer que há os dois elementos no filme.

Sophie é uma personagem bem interessante. A velhice acabou fazendo bem a ela, a própria Sophie declarando essas vantagens ao longo do filme. Ela não é uma heroína de ação, como a Nausicaa ou a San, mas também não é uma donzela em perigo. É uma personagem mentalmente forte por suportar todas as situações que surgiram e ter compaixão com quem lhe causou mal. Mas acima de tudo é uma personagem sensível que resolveu uma situação com um abraço e um beijo e outra com um beijo. Aliás, acho que ela só não beija um dos personagens principais, sem contar o cachorro da Suliman. É um jeito interessante de resolver essas situações sem fazer com que a personagem pareça fraca. Em momento algum, mesmo quando ela chora, eu achei a Sophie fraca.

A estrutura do enredo me lembrou um pouco o Mágico de Oz. Nessa história, temos uma personagem que quer voltar para casa, um sem cérebro, outro sem coragem e outro sem coração. Aqui, temos quatro personagens amaldiçoados que precisam achar uma solução para esse problema.

Na relação entre Sophie e Howl, temos uma situação interessante. Sophie no começo do filme é pouco atraente, tanto esteticamente falando quanto em termos de personalidade. Ela parecia meio desinteressada da vida e ganha vida nova na adversidade. Mesmo na aparência de idosa, começamos a acha-la mais interessante justamente por esse ânimo renovado. Um padrão interessante nos filmes do Miyazaki é que ocorre uma mudança, geralmente estética, que marca o amadurecimento da personagem. A roupa da Nausicaa muda de cor, San ganha um colar do Ashitaka, Kiki perde a capacidade de falar com o gato e por ai vai. Tanto no Castelo no Céu quanto no Castelo Animado, a personagem perde as tranças e acho que isso não é por acaso. Mais ou menos nessa hora, temos uma Sophie mais forte, alternando entre forma velha e nova, e que também se torna mais bonita com o cabelo solto. Considero agora Sophie uma das grandes personagens do Ghibli por conta desse crescimento e até embelezamento.

Quanto ao Howl, ele que parecia tão bonito mostra um lado feio. Não sou especialista em beleza masculina, mas acho que Howl deve ser o personagem mais bonito dos filmes do Miyazaki, tem toda uma pinta de galã e tudo o mais. Mas na verdade é um monstro quando está em batalha e ele fica cada vez mais monstruoso e cada vez mais difícil de reverter. Em outro momento, ele começa a derreter quando fica deprimido, o que não é muito agradável. Ou seja, temos um romance entre uma personagem bela e outra feia, mas os papéis não são aqueles que esperávamos de início.

E no fim, o filme não tem grandes vilões. Na verdade, há, mas eles não aparecem. Assim como no Princesa Mononoke o vilão era o imperador do Japão, que não aparece, aqui o vilão são os dois reis dos reinos em guerra. Mesmo a Bruxa do Pântano a gente passa a não considerar má e temos mais pena por ela do que qualquer outra coisa.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Castelo no Céu




Bem-vindos de volta a Ni no Kuni. Nesse vídeo, vou falar sobre o filme Castelo no Céu, talvez mais conhecido como Laputa: Castelo no Céu, que, por motivos óbvios, é melhor chamar apenas de Castelo no Céu. O filme foi dirigido pelo Hayao Miyazaki e foi o primeiro filme oficial do Studio Ghibli. O Miyazaki já tinha feito filmes antes, como o Castelo de Cagliostro e o Nausicaa, mas esses são filmes da era pré-Ghibli.

Castelo no Céu é um filme de aventura, mais leve do que outros filmes do Miyazaki do gênero, como o Nausicaa e o Princesa Mononoke. Ao menos no começo, apesar das situações perigosas que ocorrem, quase que a gente não sente que os protagonistas estão passando por apuros, mas conforme o enredo se desenvolve o perigo vai aparecendo, personagens morrem (nenhum principal) e há até sangue.

No começo, vemos um enorme avião transportando uma garota tristonha sendo escoltada por vários homens que parecem seguranças. O avião é atacado por piratas do céu, que aparentemente estão em busca da garota. Um dos seguranças está no quarto com a garota e tenta chamar socorro, mas é atacado pela própria garota, o que mostra que ela não está lá por vontade própria. Porém, não estava muito interessada em ser capturada pelos piratas e se põe a fugir. Porém, cai do avião. Graças ao amuleto que traz no pescoço, ela começa a flutuar e cai em uma vila, sendo resgatada por um garoto chamado Pazu.

A garota, que se chama Sheeta, continua sendo procurada tanto pelos piratas quanto pelos que a estavam mantendo presa, que são representantes do governo. Pazu promete proteger Sheeta e precisa fugir da vila encarando os dois inimigos, principalmente os piratas.

Em dado momento, entram, ou na verdade caem em uma caverna e encontram um tio de Pazu, que fala mais sobre as pedras Aetherium, o amuleto de Sheeta sendo feito desse material. Na saída da caverna, são encontrados pelos homens do governo, liderados pelo vilão do filme, Muska. Antes, Sheeta revela a sua real identidade, Lusheeta Toel Ul Laputa. Ela veio de Laputa, uma cidade no céu que o pai de Pazu diz ter encontrado, mas que ninguém acreditou nele, que ficou marcado como mentiroso pelo resto da vida.

Sheeta e Pazu são capturados. Sheeta faz um acordo com Muska de cooperar com ele, desde que Pazu fosse libertado. Assim, Sheeta e Pazu se separam. Pazu volta para casa, só para encontrar os piratas lideradas pela matriarca Dola. Apesar das primeiras tratativas não serem muito amigáveis, acabam entrando em um acordo para salvar Sheeta e o amuleto.

Enquanto isso, onde era mantida cativa, Sheeta usa um feitiço e isso acaba ligando um robô que estava na fortaleza. Esse robô é extremamente forte e causa um grande estrago no lugar. Ele tenta ajudar Sheeta, que foge dele ao invés de aceitar ser ajudada. No fim dessa cena, ela perde o amuleto, mas se junta a Pazu e os piratas.

Com o amuleto, Muska descobre o caminho para Laputa, que era o seu objetivo inicial. Pazu e Sheeta precisam evitar que Muska chegue em Laputa e conta com a ajuda dos piratas, que vislumbram oportunidades de encontrar tesouros e que não são tão malvados assim. Lembra os piratas do Porco Rosso ou, pela cronologia, os piratas desse outro filme lembram Dola e companhia. No entanto, os dois terão que ajudar trabalhando no avião, Pazu ajudando o mecânico e Sheeta na cozinha.

E aqui tem uma das cenas mais engraçadas. Um pirata aparece como quem não quer nada na cozinha enquanto Sheeta cozinhava. De repente, oferece ajuda para ela, só para ver que outro pirata já a estava ajudando e para depois ser acompanhado por vários que queriam ajudar. Obviamente, estavam todos apaixonados por Sheeta.

Em algum momento, o avião de Dola e o de Muska se encontram. Sheeta e Pazu estavam em trabalho de vigia nesse momento e acabam voando em um planador para enxergarem melhor. Encontram o caminho para Laputa que é no meio de uma tempestade.

Laputa é um castelo no céu muito bonito, cheio de áreas verdes por mais improvável que isso seja. Não tem pessoas, que abandonaram o local, mas tem vários robôs trabalhando na manutenção.

Estava tudo muito bem, muito legal, muito bonito, mas Muska também encontrou o Castelo no Céu e de posse do amuleto tem acesso aos segredos do Castelo e pode usar para seus próprios planos maléficos. Dola e seus companheiros foram capturados e levados para Laputa também. Então, cabe a Sheeta e Pazu impedir Muska de usar o Castelo no Céu para o mal. Como o filme termina, só o assistindo.

Bom, uma coisa que eu tinha esquecido de mencionar é que, sim, Pazu e Sheeta fazem um casal. E esse é um casal que fica na cara logo de início que vai acontecer, diferente de outros filmes do Ghibli. Em momento algum eles sentem alguma repulsa pelo outro, aquela repulsa que dá a dica de que eles formarão um casal no futuro, como no Sussurros do Coração ou From Up on Poppy Hill. É um casal autêntico, mas não muito interessante. Não por não haver essa repulsa inicial, mas porque é muito comum. Há muitos romances impossíveis ou difíceis nos filmes do Ghibli, como Arrietty e Sho e San e Ashitaka, e outros mais complexos, como Shizuki e Seiji do Sussurros do Coração e Sophie e Howl no Castelo Animado, do qual falarei no próximo vídeo. Pazu é o herói e Sheeta é a donzela em perigo e eles se apaixonam. Fim.

Minha opinião agora. Eu já tinha assistido esse filme antes, mas foi só uma vez. Não tinha gostado tanto na época, porque meus parâmetros eram Nausicaa e Princesa Mononoke Comparado com esses, o filme é meio bobo e menos profundo, não tendo a ambiguidade moral que esses outros filmes tinham. Mas é um filme de aventura competente, que prende a atenção do espectador, com ação, romance, comédia, todos os elementos para uma boa aventura. Não é dos melhores filmes do Miyazaki e mesmo do Ghibli, mas é bem divertido.

Uma coisa que notei enquanto assistia é que tenho a impressão de que os desenvolvedores do jogo Grandia se inspiraram no Laputa. Também temos uma civilização antiga e desenvolvida localizada no céu e que está desabitada. O próprio estilo de arte do Castelo no Céu parece estar presente em vários cenários do Grandia, incluindo paredes com blocos. Os próprios Gaia Battlers do jogo parecem com os robôs do filme. Não sei se há essa inspiração declarada, mas as semelhanças são grandes.

Por fim, o que diabos é Laputa? No livro As Viagens de Gulliver de Jonathan Swift, Laputa era também uma ilha no céu. As semelhanças param por aí, uma vez que o livro de Swift tem toda uma crítica social que está ausente no filme. Os habitantes de Laputa são extremamente inteligentes, mas não conseguem reverter esse conhecimento em invenções úteis e ficam gastando tempo em todo tipo de pesquisa excêntrica. No filme, os antigos habitantes de Laputa eram muito mais eficientes. E, sim, Swift usou como referência o espanhol como referência para nomear a ilha, não preciso nem dizer o que significa. Por conta disso, o nome do filme mudou para apenas Castelo no Céu mesmo na versão americana.

Meus Vizinhos, os Yamadas




Bem-vindos de volta a Ni no Kuni. Nesse vídeo, vou falar sobre o filme Meus Vizinhos, os Yamadas. Esse é um filme do Studio Ghibli, mas completamente diferente de tudo que já vimos vindo do Ghibli. A animação é de um estilo diferente do padrão do Ghibli, parecendo até vindo de tirinhas que vemos nos jornais, e também é uma comédia, e não um épico ou um drama.

Assim como ocorreu com o Pompoko e o Only Yesterday, é muito difícil fazer um resumo do enredo. E aqui é mais explícito o porquê disso ocorrer, o filme não tendo uma linha de enredo, e sim uma composição de várias histórias sem grande conexão uma com a outra. Em comum, o filme conta a história da família Yamada, com pai, mãe, filha, filho e mãe do pai da família, além do cachorro, que mal participa. A primeira história é sobre uma viagem de família onde eles esquecem a filha em uma loja e têm que se virar para encontrá-la. Ai vai tendo outras situações, como uma briga para ver quem assiste o quê na TV, um momento pai e filho no beisebol e outras situações.

Apesar de ser uma comédia, achei sem graça. Talvez seja mais voltado para o público japonês, mas acho que nem isso, já que o filme não foi bem na bilheteria. A única cena que achei realmente engraçada foi a briga do pai e da mãe para ver quem ia colocar no programa que queria. Tem algumas cenas nonsense, como no começo, mas você mais pensa “Que diabos é isso” do que ri da situação, até porque é um nonsense que você não entende absolutamente nada, talvez porque tenha muitas referências à cultura japonesa.

Nessa estrutura, é um filme que vai se arrastando de cena em cena, que são curtas, mas não acabam instigando muito você a querer assistir a próxima. Talvez funcionasse melhor como uma série de programas curtos para a TV, mas como um longa-metragem simplesmente não se mantém.

Não tenho muito a relatar sobre o filme. É uma comédia japonesa que talvez seja incompreendida pelo público ocidental e sem nenhum grande carisma das personagens, diferente de um Simpsons, por exemplo. No final das contas, só recomendo esse filme para quem quer ter o privilégio de dizer que assistiu a todos os filmes do Studio Ghibli. Se é isso que você está em busca, deixe esse por último.

Em uma nota absolutamente não relacionada com a qualidade do filme, que não é tão ruim assim, eu dormi em partes do filme. Mas isso era mais cansaço meu, porque assisti dois filmes em seguida já tarde da noite. Parei três vezes para tirar um cochilo, porque não me aguentava, mas isso não ajudou muito. Embora o filme não seja exatamente sonífero, a sua qualidade não contribuiu para me manter desperto.