Sobre Japão,
vou falar sobre a Batalha de Kawanakajima, que é um dos cenários do jogo Total War Shogun 2,
que um dos jogos que eu mostrarei, o outro sendo Samurai Warriors: State of War
para PSP. Eu tive que tentar duas vezes, mas acho que foi na dificuldade normal
nas duas tentativas. O livro de referência é o Kawanakajima 1553-64, de Stephen Turnbull.
Kawanakajima,
a ilha dentro do rio, em uma tradução livre, é uma planície fértil onde dois
rios se encontram. Esse foi o palco entre 1553 e 1564 de cinco batalhas
travadas pelos mesmos exércitos em um dos episódios mais conhecidos da história
militar japonesa. Na fronteira entre seus territórios, os clãs Takeda e Uesugi
liderados por Takeda Shingen e Uesugi Kenshin se confrontaram cinco vezes ao
longo de onze anos com os mesmos comandantes.
Há duas
falácias associadas com essas batalhas: a de que eram conflitos leves, praticamente
amistosos, e que incorporam o espírito da cavalaria japonesa. No primeiro
aspecto, algumas batalhas não foram travadas com o espírito de obter uma
vitória definitiva a todo custo, mas nem por isso os confrontos foram menos
ferozes. No segundo aspecto, a batalha foi bárbara, com relatos de crueldade
contra civis que não são muitos comuns no Japão. Além disso, há uma certa
controvérsia a respeito das cinco batalhas, talvez havendo muita diferença
entre essas batalhas, incluindo diferenças de localizações exatas, de objetivos
e inserção em conflitos maiores, de forma que talvez não seja possível dizer
que foram cinco batalhas, podendo ser só uma ou até oito, ou ainda onze. A quarta, travada no coração de Kawanakajima,
talvez possa ser chamada de A batalha de Kawanakajima e é foco do livro e
também é a batalha que é travada no jogo.
De todo modo,
as cinco batalhas de Kawanakajima estão no contexto do desejo de Takeda de
conquistar a província de Shinano, que estava na fronteira com a província de Echigo,
território de Uesugi, que pretendia parar a expansão de Takeda perto de seu
território. Nesse tempo, as armas de fogo passaram a ser mais utilizadas e as
campanhas não estavam mais restritas aos períodos sem trabalhos na agricultura
com a criação de exércitos profissionais. O Japão vivia a época Sengoku, a Era
dos Estados Beligerantes, quando poderosos senhores feudais (daimyo,
literalmente, grandes nomes), dentre os quais Takeda e Uesugi, disputavam
terras e poder em guerras e diplomacia. Takeda dominava a província de Kai e
Uesugi a de Echigo, enquanto Shinano não era dominada por um poderoso daimyo, e
sim vários lordes menores. Ao norte de Shinano, estava a província de Echigo, e
a tomada dessa província colocaria Takeda perigosamente perto, então era do
interesse de Uesugi proteger Shinano, que servia de amortecedor entre os dois
daimyo. Ao norte de Shinano, estava Kawanakajima.
Comandantes Opostos
A batalha de Kawanakajima
é inseparável de seus dois protagonistas, os daimyo em conflito, Takeda e
Uesugi. Então, vou dedicar uma boa parte desse vídeo para falar sobre os dois.
Os dois
tiveram origens totalmente diferentes. Takeda Shingen é descendente de uma
tradicional família de samurais que tem como origem Minamoto Yoshimitsu, que
viveu entre 1056 e 1127. Seu filho, Yoshikiyo, foi o primeiro a adotar o
sobrenome Takeda. Seu neto, Takeda Nobuyoshi apoiou Minamoto Yoritomo, líder do
clã Minamoto na guerra Gempei ocorrida entre 1180 e 1185. Em 1192, Minamoto
Yoritomo se tornaria o primeiro shogun, comandante militar que hierarquicamente
estava abaixo do imperador, mas que na prática governava o Japão. A família
Takeda se beneficiou disso e se tornou uma das mais poderosas famílias do
Japão.
Ocorreram
trocas de famílias no cargo de shogun, mas a família Takeda se manteve no topo
e governava a província de Kai, que era propriedade do shogun. Na Guerra Onin
em 1467, os Takedas aproveitaram a oportunidade para se tornarem donos das
terras. Em 1519, Takeda Nobutora se estabeleceria como daimyo de Kai. O pai de
Takeda Shingen, Nobutora, alimentou a rivalidade com seus vizinhso, em
particular com a província de Shinano. (7)
Takeda
Shingen nasceu em 1521 e em 1536, com 15 anos, já teria o seu teste de fogo.
Takeda Nobutora estava em uma campanha contra Hiraga Genshin no forte de Umi no
Kuchi a alguns quilômetros da fronteira de Shinano. Tinha uma força de 8 mil
homens, mas não foi capaz de vencer e teve que recuar. Takeda Shingen pediu
para assumir a retaguarda com uma força de 300 homens. Ninguém entendeu a sua
atitude, já que era improvável que o inimigo os perseguissem, e o pai viu em
Shingen uma maneira de ganhar mérito sem luta. Mas Shingen insistiu e obteve o
que queria. Quando estava longe do corpo principal do exército, pediu para que
seus homens mantivessem prontos para o combate. No amanhecer, secretamente
Shingen liderou seus homens para atacar Umi no Kuchi, que estava desguarnecida,
já que Hiraga Genshin não esperava que os Takeda voltassem. Shingen tomou
facilmente o forte, cortou a cabeça de Genshin e a enviou para o pai, que não
demonstrou muito reconhecimento publicamente.
Shingen não
tinha conseguido o respeito público do pai nem com essa vitória. Em 1541,
Nobutora tiraria a herança de Shingen, o filho mais velho, e passaria para seu
preferido, Takeda Nobushige. Mas Shingen não deixaria isso assim e mesmo com
apenas 20 anos já estava conspirando contra o pai. Ele já tinha apoio entre os
Takeda e forjou uma aliança secreta com Imagawa Yoshimoto de Suruga. Quando
Nobutora foi até Imagawa Yoshimoto buscar seu apoio, acabou sendo preso. Logo
depois, Shingen depôs o pai e assumiu o controle da província de Kai.
O golpe foi
aprovado pelo resto da família. Logo depois, Takeda Shingen (que voltarei a
chamar de apenas Takeda) teria que lidar com um ataque vindo de Shinano, os
governadores aproveitando a confusão em Kai para atacar, mas sem sucesso. Essa
foi a única crise interna de Takeda , que fez um bom governo da província. Takeda era o daimyo
ideal da era Sengoku, sendo um hábil administrador e político, além de
determinado e sem escrúpulos na guerra. E encontraria em Uesugi Kenshin um
rival à altura.
Vou falar
agora de Uesugi, que não tinha o mesmo berço de Takeda e ele teve que lutar por
seu espaço na política japonesa. Houve uma tradicional família Uesugi, mas
Kenshin não fazia parte dessa família. Ele é filho de Nagao Tamekage e nasceu
com o nome de Nagao Kagetora. Os Nagao eram servos do ramo Yamanouchi da
família Uesugi e tinham uma boa reputação militar.
Quando o
Nagao Tamekage morreu, seu filho mais velho, Harukage, assumiu a chefia da
família. Aos 15 anos, Kagetora (como vou chamar Uesugi Kenshin) foi colocado
sob comando conjunto do castelo de Tochio onde teve que enfrentar rebeldes
anti-Uesugi. A vitória militar precoce é um paralelo com o seu futuro rival,
Takeda.
Com a
evolução da carreira de Kagetora, o irmão mais velho acabou abdicando em prol
dele. A essa altura, Kagetora já era poderoso e respeitado, mas continuava um
vassalo de Yamanouchi Uesugi. A família Uesugi estava em conflito com a família
Hojo, com quem disputavam a área de Kanto próxima de Tóquio. Depois de uma
série de reveses, Uesugi Norimasa precisou pedir auxílio e refúgio à Kagetora.
Que concordou em ajudar, mas impondo uma série de exigências. Primeiro, a de
ser herdeiro de Norimasa, depois receber o nome Uesugi, receber o título de
Senhor de Echigo e se tornar Kanto Kanrei, o deputado do Shogun para a região
de Kanto. Assim, Kagetora se tornou Uesugi Kagetora, campeão de Kanto contra
Hojo. No ano seguinte, se tornaria monge budista e adotaria o nome de Uesugi
Kenshin. (13)
Takeda e
Uesugi eram bem diferentes um do outro em vários aspectos. Takeda era um
dissoluto com duas esposas e várias e várias concubinas, enquanto que Uesugi
era um celibatário. Outro aspecto era que Uesugi era principalmente um bom
soldado, não um bom administrador.
Exércitos Opostos
Os
daimyo eram principalmente líderes militares e possuíam exércitos eficientes e
bem organizados, com delegação de comando para parentes ou para pessoas
próximas de confiança.
O
exército de Takeda tinha três partes, uma com vassalos de inimigos que se
uniram a Takeda, outra com tropas fornecidas pelos vassalos na província e um
terceiro grupo com várias subdivisões composta por membros da família e outras
pessoas importantes. A principal parte do exército era a tropa montada, com
mais de nove mil cavaleiros, cada um acompanhado por um seguidor a pé. Somado
com mais de cinco mil soldados rasos (ashigaru) e o séquito pessoal de Takeda,
o exército totalizada quase 34 mil pessoas. No exército de Uesugi, uma organização
semelhante, exceto pela ausência de ex-vassalos inimigos. O livro de referência
não forneceu uma estimativa numérica da força de Uesugi.
Na
organização dos exércitos, os samurais costumavam ser arqueiros montados, mas
após a guerra Onin os arqueiros passaram a ser desmontados e os samurais
montados tinham que investir contra os arqueiros, abandonando o arco e adotando
a lança como arma principal.
Takeda foi um
dos maiores líderes de tropas montadas, mas Uesugi não fica muito atrás e era
considerado melhor na liderança de tropas desmontadas. Mas a maneira como a
guerra ocorria no período Sengoku dava menos oportunidade para batalhas campais
com o uso de cavalos e mais oportunidades de cerco a castelos, incluindo nas
batalhas de Kawanakajima. Os castelos de montanha, ou yamashiro, eram
construções voltadas principalmente para a defesa, construídas perto de colinas
usando principalmente madeira e um pouco de pedra. A conquista de territórios
era basicamente a conquista de castelos ao longo de uma região.
Armas
de fogo revolucionaram a guerra de infantaria, sendo utilizada principalmente
por soldados rasos e não por samurais. Na segunda batalha de Kawanakajima,
Takeda tinha por volta de 300 arcabuzes portugueses para utilizar, mas a
tecnologia ainda era nova demais para a época e as batalhas de Kawanakajima
seriam só o começo de sua incorporação nas guerras japonesas.
Após
as primeiras saraivadas de armas de fogo e lanças, os combates se davam
principalmente com lanças (yari), eventualmente sendo utilizado o gládio ou a
espada, ou para o caso da lança quebrar, ou porque o samurai é muito habilidoso
com a espada e quer utilizá-la.
A Invasão de Shinano
A partir de
1542, Takeda Shingen empreenderia uma série de invasões em território Shinano.
Em 1547, cercaria o castelo de Shiga, que resistiu teimosamente apesar da
desvantagem por conta da informação de que os Uesugi iriam ajuda-lo. De fato,
reforço veio, mas Itagaki Nobukata sob as ordens de Takeda cuidaria da força de
3 mil homens enviada pelos Uesugi na batalha de Odaihara. O castelo continuou
resistindo e Takeda colocaria a cabeça dos soldados enviados como reforço
espetados em lanças na frente do castelo, indicando que não haveria reforços.
Não houve rendição e o castelo teve que ser invadido. (21)
Com a captura
de Shiga, Takeda ficou mais próximo do território de Murakami Yoshikiyo, o mais
poderoso daimyo de Shinano. Ele enviaria uma força para barrar o avanço de
Takeda e, na batalha de Uedahara em 1548, derrotou Takeda. Ogasawara Nagataoki,
outro poderoso daimyo de Shinano, juntaria forças com Murakami para confrontar
as forças de Takeda na região, mas não conseguiram expulsá-lo de Shinano.
Em 1550,
Takeda voltaria a atacar Shinano, tendo em mente Katsurao, castelo de Murakami
Yoshikiyo, como alvo final e Toishi como alvo secundário para facilitar a
captura de Katsurao, o que ocorreria em 1553. Murakami fugiria para o norte,
para Echigo, território de Uesegi Kenshin. Lá, Murakami reportaria que a maior
parte de Shinano foi perdida e que o resto estava sob ataque e que Takeda
buscaria conquistar o terreno estratégico de Kawanakajima, que então passaria a
ser o campo de batalha entre o invasor Takeda e o ameaçado Uesegi.
Antes de
tudo, é importante explicar a importância estratégica de Kawanakajima, que está
próxima de uma série de territórios e estaria no centro de diversas campanhas. Kawanakajima
ficava entre os rios Sai e Chikuwa que correm para o sul. Ao norte, havia uma
passagem montanhosa e muitas das futuras batalhas seriam disputas pelos acessos
a essas montanhas que levam à Echigo.
O avanço de
Takeda seria barrado pela defesa de Uesegi, que conseguiu montar uma boa linha
defensiva com os castelos da região toda vez que Takeda tentava conquistar a
região. O interessante é que as cinco batalhas são bem diferentes uma das
outras já que Takeda atacaria de maneiras diferentes exigindo táticas
defensivas diferentes de Uesegi.
As batalhas de Kawanakajima
E chegamos às
cinco batalhas de Kawanakajima, se é que podemos chamar todas assim. A primeira
ocorreu dias após a tomada de Katsurao por Takeda, respondida rapidamente pelo
avanço de Uesegi vindo de Echigo. Uesegi esperava encontrar Takeda em Kawanakajima,
mas só o encontraria em Hachiman, onde venceria o seu rival. Logo após essa
batalha, Uesegi avançou até Katsurao, onde mataria o comandante responsável
pelo castelo, Oso Gempachiro, mas não conseguiria tomar o castelo. Takeda não
se sentia pronto para confrontar Uesegi e recuou.
Murakami
Yoshikiyo reconquistaria o castelo de Shioda, que depois foi tomado de volta
por Takeda. Ueseugi e Takeda voltariam a se enfrentar em Fuse que seria considerada
a primeira batalha de Kawanakajima. Não há muitos registros sobre a batalha,
mas o essencial é que Uesegi seria o vitorioso mais uma vez. Eles voltariam a
se enfrentar em Hachiman, provavelmente com Uesegi perseguindo Takeda, e
novamente Uesegi venceria seu rival. Outras batalhas ocorreriam em território
Shinano, mas Takeda se decidira por recuar de volta ao seu território.
Após o recuo
de Takeda, Uesegi reforçaria a sua defesa construindo outros dois castelos ao
norte de Kawanakajima em Katsurayama e Motodoriyama.
Em 1554,
Takeda não faria incursões na região de Kawanakajima, o que só voltaria a
ocorrer em 1555. Takeda avançaria em território Shinano e se encontraria com
Uesegi na Segunda Batalha de Kawanakajima lutada em Saigawa. A batalha durou meses
e foi mais estática, os dois lados conseguindo proteger bem as suas posições e
não conseguindo derrubar a força inimiga. Nesses meses, os dois comandantes
enviavam ataques de provocação contra o inimigo, tentando induzi-lo ao erro e
depois aproveitar-se disso. Nessa batalha, os dois exércitos se enfrentariam
utilizando armas de fogo pela primeira vez. O que determinou o fim da batalha
foi a agricultura, muitos dos soldados sendo agricultores de tempo parcial e
que passaram a ser mais necessários no campo. No fim, a batalha terminou em
empate. (29)
A Terceira
Batalha de Kawanakajima ocorreria em 1557 com nova tentativa de Takeda de
entrar no território Shinano. O plano agora era levar a batalha um pouco mais
profundamente em Kawanakajima tendo como alvo o castelo de Katsurayama. O
ataque começaria em março de 1557, Takeda se aproveitando de um período mais
prolongado de neve que manteve Uesegi em Echigo por mais tempo. Foi um ataque
selvagem e uma corrida contra o tempo antes que chegasse reforço. A defesa
aguentou o quanto pôde, mas eventualmente cederia e Katsurayama seria tomada.
Depois,
Takeda tomaria o castelo de Nagahama, bem perto da fronteira com Echigo e com
uma passagem para lá. Takeda não pararia aí e investiria contra o castelo de Iliyama,
um dos principais postos de fronteira de Uesegi. Takeda não teria sucesso em
tomar o castelo e, diante da aproximação de forças de Uesegi, recuou. Uesegi
atacaria postos avançados dos Takeda e restauraria o castelo de Asahiyama, que
era de Takeda e foi destruído como um acordo de trégua da última batalha. Ou
seja, a posse de Asahiyama e de Katsurayama se inverteram na Terceira Batalha.
Uesegi
mandaria o grosso das tropas para Iliyama, onde ele esperava atrair Takeda para
um combate que se daria na planície de Uenohara próximo de Iliyama. Takeda não
morderia a isca e iria para uma posição que já era sua, Odaihara. Vendo que
seria necessário algo mais ousado para trazer Takeda para uma batalha
definitiva, Uesegi lançaria uma série de ataques contra possessões de Takeda em
Shinano. Takeda retaliaria com seus próprios ataques contra territórios de
Uesegi, mas através de um de seus generais, Yamagata Masakage, que tomaria o
castelo de Otari e ficaria mais perto do principal castelo de Uesegi em seu
próprio território, Kasugayama.
Uesegi
recuaria novamente para Iliyama e seria perseguido por Takeda, e dessa vez
teria o que planejava desde o início, uma batalha em Uenohara, a terceira
batalha de Kawanakajima. Essa batalha foi mais ao norte do que as demais e
envolveu a vanguarda do exército de Takeda liderado por Yamagata e a retaguarda
do exército de Uesegi liderada por Ichikawa Fujiyoshi. Ou seja, nem Takeda nem
Uesegi, que provavelmente já tinha voltado a Echigo, participaram tanto dessa
batalha. O resultado final seria o recuo das tropas de Takeda.
Então
chegamos à Quarta Batalha de Kawanakajima que para muitos é A Batalha de Kawanakajima.
Foi uma das batalhas mais famosas do período Sengoku e seria particularmente
feroz, refletindo as frustrações acumuladas dos outros embates inconclusivos.
Ela ocorreu em outubro de 1561 e foi precedida por vários conflitos menores e
muitas manobras ao longo de Shinano. E dessa vez, foi Uesegi que começou as
movimentações, atacando territórios dos Hojo próximo do território de Takeda,
principalmente o castelo de Odawara. Sentindo-se ameaçado, Takeda mandaria
ajuda a Hojo e entraria em território Shinano.
Takeda
tomaria Warigadake e ficaria perigosamente próximo de Echigo, o que motivaria
um ataque de larga escala de Uesegi, que marchou até Kawanakajima onde desejava
enfrentar Takeda. Antes de 1561, Takeda tomaria algumas providências para
melhorar a sua situação tendo como base a experiência das outras batalhas.
Takeda tomou alguns castelos na parte sul de Shinano e estabeleceu o rio
Chikumagawa como a fronteira entre os dois exércitos. Construiria ainda o
castelo de Kaizu próximo do rio Chikumagawa, o que tornaria mais rápido o
deslocamento para Kawanakajima. Uesegi contra atacou a ameaça de Kaizu indo
para Amenomiya e ocupando um morro próximo chamado Saijosan, que foi
fortificada à espera do ataque de Takeda. Com isso, podia observar o que
ocorria em Kaizu em uma posição protegida. (35)
Takeda, ou
precisamente seu general, Yamamoto Kansuke, planejaria a operação pica-pau, em
uma tradução livre, onde 8 mil homens liderados por Takeda deixaria Kaizu à
meia noite e iriam em segredo até Kawanakajima enquanto o resto das tropas, 12
mil homens, atacaria Saijosan para forçar Uesegi a sair do seu forte e se dirigir
até Kawanakajima, onde encontraria Takeda e ficaria pinçado entre dois
exércitos. Só que faltou combinar com Uesegi, que também preparava um ataque
surpresa, a única maneira de desequilibrar o confronto, e partiria de Saijosan
para Kawanakajima. A estimativa era de que Uesegi tinha 13 mil homens, mas ele
sairia do forte com apenas 10 mil homens.
Dessa forma,
foi Uesegi, e não Takeda, que surpreendeu o inimigo. Uesegi seguiu a direção do
templo de Zenkoji, deixando mil homens em Saijosan e ordenando que dois mil
fossem para Zenkoji com a carga, restando 10 mil para lutar. A primeira batalha
seria entre o flanco esquerdo da vanguarda do exército de Takeda, liderada por
Takeda Nobushige, e a vanguarda liderada por Kakizaki Kageie. Uesegi atacaria o
exército de Takeda usando a tática da rotação, alternando a linha de frente
utilizando diferentes grupos de ataque. Com o tempo, Uesegi entraria no quartel
general de Takeda e haveria o confronto frente a frente de Takeda Shingen e
Uesegi Kenshin.
A situação
estava péssima para o exército de Takeda, com vários de seus generais sendo
mortos. Yamamoto Kansuke, que elaborou o plano de ataque contra Uegesi,
cometeria hara kiri. Mas o corpo principal do exército se manteve e algumas
partes do exército de Uegesi recuaram.
Kosaka Danjo
Masanobu liderou o ataque contra Saijosan. Chegou sem maiores problemas no
castelo, mas era essa justamente a intenção de Uesegi, o castelo estando
deserto quando da chegada de Kosaka. Percebendo o que tinha acontecendo, Kosaka
ordenaria a descida das tropas até Amenomiya, onde ocorriam batalhas. Essa era
a intenção inicial, mas para enfrentar forças de Uesegi em pânico, não para
ajudar o acuado mestre. O caminho era guardado por 1000 homens de Uesegi, que
lutaram bravamente, mas foram derrotados, abrindo caminho para Kosaka, que
chegou na retaguarda de Uesegi.
No final das
contas, o plano acabou dando certo. Uesegi foi pinçado e foi obrigado a lutar
em duas frentes e isso virou o destino da batalha, transformando uma derrota
certa de Takeda em uma esmagadora vitória. No dia seguinte, Uesegi recuaria de
volta a seu castelo, antes destruindo o castelo de Saijosan. O resultado da
batalha foi bem sangrento, a estimativa sendo de que Uesegi perdeu 72% das
tropas e Takeda 62%.
Três anos
depois, haveria a Quinta Batalha de Kawanakajima. Como no período 1557-1561, o
período 1561-1565 foi marcado por vários conflitos onde Takeda e Uesegi
apoiavam aliados em ataques contra o inimigo. Em 1564, Takeda junto com a
família Ashina de Mutsu atacaram Echigo durante a ausência de Uesegi, que
estava em campanha. Kasugayama resistiu e os Uesegi conseguiram recuperar
castelos capturados por Takeda e os Ashina durante a campanha. Sem saber se
esse era um ataque único ou parte de uma campanha, Uesegi avançaria para Zenkji
em Shinano. Logo depois, atravessaria o Saigawa e chegaria em Kawanakajima pela
última vez. Ele esperava por Takeda, que não apareceu, mas estava próximo só
esperando que o inimigo estabelecesse uma posição em Kawanakajima.
Takeda
estabeleceu uma boa posição em Kawanakajima, estando em terreno alto e
colocando Uesegi em desvantagem. Vendo-se em posição frágil, Uesegi recuaria e
Takeda o deixaria ir. Uesegi recuaria para o castelo de Iliyama e Takeda o
perseguiria, mas não para uma batalha, e sim para tomar o castelo de
Motodoriyama e esperar o inimigo. Uesegi repararia o castelo de Iliyama, mas
não permaneceria muito tempo, recuando de volta para Echigo. (42)
E esse foi o
final da Quinta Batalha, que mal aconteceu de fato. Na verdade, foi uma
conferência de paz informal, estabelecendo as fronteiras entre Echigo e
Shinano. Depois disso, nunca mais Uesegi desceria até Kawanakajima. Takeda
Shingen e Uesegi Kenshin continuariam a se enfrentar, mas nunca mais em Kawanakajima.
No Japão, a
batalha de Kawanakajima é reencenada de tempos em tempos. Clique aqui
para ver um desses eventos.
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