Bem-vindos de volta a Ni No Kuni. Nesse vídeo, vou
falar sobre o filme Túmulo dos Vagalumes, que é do Studio Ghibli, mas não é do
Hayao Miyazaki. Foi dirigido pelo Isao Takahata e se baseia no livro de mesmo
nome de Akiyuki Nosaka sobre a sua experiência durante a Segunda Guerra Mundial
e a morte de sua irmã por desnutrição. Por sinal, Nosaka, com 83 anos, ainda
está vivo.
Sobre o filme. Ele conta a história de dois irmãos,
Seita e Setsuko, que perdem os pais durante a Segunda Guerra Mundial no Japão
sob intenso bombardeio dos Aliados. Eles fogem de casa e têm que se virar, e
essa experiência acaba não dando muito certo.
Bom, o filme é certamente o mais triste do Studio
Ghibli e um dos mais tristes que eu já assisti. Eu assisti duas vezes e nas
duas eu chorei. A minha primeira ânsia de choro foi quando eles venderam o
quimono da mãe deles e lá para o fim, quando a irmã dele morre, você já está se
derramando em lágrimas. É um filme bem deprê, mas também é emocionante por
outros motivos ao longo do filme.
Basicamente, o filme é sobre duas crianças que se
recusam a abrir mão de sua infância. Eles teriam mais chance de sobreviver se
ficassem na casa da tia deles, que era um tanto dura com eles. Lá pelas tantas,
eles decidem fugir e viver por conta própria, mas era difícil arranjar comida
naqueles tempos, o que dizer duas crianças sozinhas fazer isso. É bem
emocionante ver os momentos de felicidade que eles ainda conseguem ter depois
que fogem da casa da tia, e que não conseguiam enquanto estavam lá, e de partir
o coração quando eles passam a ter dificuldade de achar comida, até o desfecho
trágico.
É um dos filmes mais realistas do Studio Ghibli e
também tem um tom mais seco, como não poderia deixar de ser, apesar de ter alguns
momentos mágicos (não no sentido de irreal, mas de belo) em uma cena que meio
que explica o porquê do título, Túmulo dos Vagalumes. E mesmo com cenas mais
belas, o filme não deixa de ser triste e não tem nenhuma cena engraçada que eu
me lembro, é um clima pesado do começo ao fim, começando pela introdução com o
Seita falando sobre a sua história quase como um zumbi.
Uma coisa interessante sobre esse filme é que cita
muito de leve, se bem me lembro, as bombas atômicas. Mas bomba é o que não
falta no filme e isso mostra que, por mais destrutiva que foram, as bombas
atômicas foram só mais duas lançadas contra o Japão. O filme mostra a guerra da
perspectiva de crianças e mostra a perda humana que a guerra causou em um país
que não era dos mais ricos na época e que já tinha lá os seus problemas
sociais, como o Vidas ao Vento menciona também.
O site Time Out elegeu o filme como o 10º melhor
filme sobre a Segunda Guerra Mundial, na frente de vários filmes mais famosos,
e o crítico Roger Ebert disse que é um dos melhores filmes de guerra. Assim
como o Mononoke Hime, eu estou falando de memória, e eu só assisti duas vezes,
a última uns 8, 7 anos atrás.
Uma última coisa digna de nota é que o filme
mostra, indiretamente, o valor da comida, na medida em que os dois
protagonistas do filme passam severas dificuldades em arranjar comida e no
final das contas um dos personagens acaba morrendo de fome. Ou seja, talvez sem
intenção, é um filme também sobre o valor da comida.
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