Bem-vindos de volta a Ni no Kuni. Nesse vídeo, vou
falar sobre o filme Tales From Earthsea, o primeiro filme dirigido por Goro
Miyazaki, o segundo que eu comento nessa série.
Esse é um filme radicalmente diferente do From Up
on Poppy Hill, sendo um épico ao invés de um romance. O enredo se baseia nos
livros da série Earthsea da escritota Ursula K. Le Guin. E tem um dos enredos
mais sombrios do Studio Ghibli, não tão tenso quanto o Túmulo dos Vagalumes,
por exemplo, mas também sem personagens muito simpáticos. Diria que esse é um
filme ligeiramente deprimente, o que por si só não é bom ou ruim, só é a
característica dele.
Começamos o filmes vendo homens em um navio em uma
tempestade pesada, que de repente veem dois dragões lutando e um deles acaba
matando o outro. Depois, vamos para um palácio, onde um rei ouve os infortúnios
pelos quais passam seu povo e quando se retirava para seu quarto é atacado por
um garoto, que é seu filho, Arren, que ainda rouba a espada misteriosa que seu
pai carregava.
Quando vagava pelo deserto por uma montaria que
parece aquela utilizada no Princesa Mononoke, Arren é atacado por lobos e
depois salvo por um homem que se identifica como Sparrowhawk. Depois de salvar
Arren, Sparrowhawk acaba tutelando ele e o leva para uma cidade.
Lá, Arren ganha novas roupas e enquanto perambulava
pela cidade vê uma garota sendo perseguida por alguns homens. Vai ajuda-la e
meio que entra em um estado de loucura que o permite enfrentar os homens. Arren
é um sujeito meio estranho, a gente desconhecendo as suas motivações e ele
tendo sempre um ar meio para baixo, sem querer nada da vida, bastante
esquisito. A garota que ele salva nem o agradece e vai embora.
Arren dorme nos degraus de uma escada, o que é uma
má ideia. Hare, o líder de um grupo de mercadores de escravos, que estava atrás
da garota, bate em Arren e o captura. Depois, Sparrowhawk o resgata e o leva
para a casa de uma amiga, Tenar. E lá, descobrimos que a garota salva por Arren
está junto com Tenar.
A relação entre os dois não é boa no começo. A
garota se chama Therru e tem um passado ruim de abusos por parte dos pais. Ao
longo do filme, descobrimos que Sparrowhawk é um arquimago e que o chefe de
Hare e dos mercadores de escravo, Lorde Cob, é o grande rival de Sparrowhawk.
Esse Lorde Cob é outro ser estranho, tendo forma de mulher, mas todo mundo o
chamando de Senhor.
Enfim, o enredo se desenvolve com Cob e Hare
orquestrando para levar Sparrowhawk para o castelo de Cob, para um acerto de
contas. Para isso, captura Tenar e depois Arren. E cabe a Sparrowhawk e também
Therru salvar Tenar e Arren em um desfecho surpreendente para o filme, onde
descobrimos mais sobre os personagens do filme.
A capa do filme mostra Arren com um dragão. Só
vemos dragões no começo e no final do filme. A espada que Arren carrega parece
importante, mas nada sabemos sobre ela exceto que ela parece importante. E é,
conforme descobrimos no final. Não vou spoilar, mas o final é bem
surpreendente.
Bom, primeira coisa que eu gostaria de falar é
sobre os temas abordados pelo filme, e são bem pesados. Drogas, abuso infantil,
tráfico de escravos e no final quase parece que Arren e Cob estão travando um
duelo metafísico sobre vida e morte ao invés de um confronto físico. Por conta
disso, classifiquei o filme como pesado, como de fato é. Nem o Túmulo dos
Vagalumes aborda temas tão pesados, embora também seja bem trágico e trate de
assuntos delicados.
Sobre a qualidade do filme, achei um filme bom, mas
não espetacular. Demora para o enredo te prender, já que você fica totalmente
no escuro sobre as motivações de Arren e é difícil simpatizar com um cara que
mata o pai no começo do filme. Conforme as relações entre os personagens vai
evoluindo, incluindo um romance conturbado entre Arren e Therru, o enredo
começa a ficar interessante e te pega de vez no clímax, com Sparrowhawk indo
para o resgate e ainda mais quando a última esperança é Therru.
Porém, falta uma coisa importante que tem nos
filmes do Ghibli, e é que importante na maioria dos filmes, e na maioria das
obras de ficção, que são personagens mais carismáticos. Talvez não seja essa
palavra, mas o que faltou foi eu sentir alguma motivação para me interessar
pelo destino dos personagens. Isso principalmente no que se refere ao
personagem principal, Arren, que parece um zumbi no filme inteiro, mais sendo
levado do que conduzindo alguma coisa. Dá para simpatizar com o passado de
Therru, a simpatia de Tenar e o poder de Sparrowhawk, mas nem mesmo no fim eu
criei qualquer vínculo com o protagonista.
O enredo acaba sendo interessante mais pelos
elementos envolvidos, que citei anteriormente, e pelos mistérios, como a espada
de Arren, do que por qualquer outra coisa. No fim, são homens salvando garotas,
o que não é algo muito novo. O desfecho tem elementos que diferem do enredo
típico desse gênero, mas nada demais.
No fim, considero um bom filme, bem interessante e
envolvente, embora não seja nenhuma obra-prima.
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