sábado, 10 de maio de 2014

Criação do Mundo na Mitologia Grega


Vamos começar a série falando sobre a Grécia, falando um pouco sobre mitologia grega, mais especificamente a criação do mundo. Esse vídeo pode gerar uma série mais longa de vídeos no canal no futuro. A gameplay é do jogo Titan Quest, que se passa nesse mundo da mitologia grega. A fonte de informações é o livro The Age of Fable de Thomas Bullfinch, a versão brasileira do livro sendo conhecida como O Livro de Ouro da Mitologia.

Origem do Mundo e dos Deuses
No começo de tudo, antes que a terra, o mar e o céu fossem criados, tudo era Caos, uma massa confusa e sem forma, com nada a não ser peso morto que, no entanto, continha a semente para todas as coisas. Terra, mar e céu estavam misturados: a terra não era sólida, o mar não era fluído e o ar não era transparente. Então surgiram Gaia (a Terra), o Tártaro e Eros. Do Caos, nasceram Érebo e Nyx, personificações da Noite; dos dois, nasceram Éter, a atmosfera respirada pelos deuses, e Hemera, personificação do dia. Gaia pariu de si mesma Urano, o Céu Estrelado que a cobriria por completo, as Óreas, que são as montanhas, e Ponto, o deus do mar pré-olímpico. Do coito com Urano pariu doze titãs: Oceano, Coios, Crios, Hipérion, Jápeto, Teia, Reia, Têmis, Memória, Feve, Têtis e Cronos (não confundir com Crono), esse último a pior das crias.

Após isso, Gaia daria à luz aos ciclopes, Brontes (trovão), Steropes (raio) e Arges (brilho). Eles tinham um olho na testa e força, vigor e violência na ação. Depois, nasceram três Hecatônquiros (Hecatonchires em inglês, sim, o mesmo da Vanille do Final Fantasy XIII), monstros de cem braços de nome Cotos, Brirareu e Giges. Esses foram os filhos mais terríveis de Gaia e Urano, que os escondeu nas profundezas da terra. Gaia, ofendida, convocou os filhos e pediu para que eles punissem o pai. Cronos se propôs a fazer isso.

Gaia colocou Cronos oculto, deu-lhe uma foice e passou o plano. Chegou Urano desejando amor pairando sobre Gaia. Cronos saiu do esconderijo e castrou o pai e do sangue de Urano nasceram as Erínias (as Fúrias), os Gigantes e as Melíades. Cronos arremessou o pênis de Urano no mar e daí nasceu Afrodite, a deusa do amor. Zeus, apesar de pai dos deuses, também teve um início, sendo filho dos titãs Cronos/Saturno (não confundir com Crono) e Réia, que surgiram do caos primordial.

Os Titãs eram deidades oriundas do caos que governavam o mundo até serem derrubadas pelos deuses liderados por Zeus. Zeus tomou o lugar de Cronos, Poseídon o de Oceanus, Apolo o de Hipérion. Cronos é o deus do tempo que devora as suas próprias crias (como o tempo realmente faz). Zeus e os seus irmãos se rebelaram contra Cronos e os venceram na guerra dos titãs, terminando por aprisiona-los no Tártaro e impondo uma série de punições, como a de Atlas, que devia segurar o peso do céu nos ombros.

Vencidos os Titãs, Zeus, Poseídon e Hades dividiram o espólio, Zeus ficando com o céu, Poseídon com o mar e Hades com o mundo inferior. Zeus era o rei dos deuses e homens, o trovão era a sua arma e Égide o seu escudo (sim, o mesmo escudo que aparece em Final Fantasy) e sua esposa se chamava Hera. Ares, filho de Zeus e Leto, deusa do anoitecer, era o deus da guerra, Apolo deus do tiro com arco, da música e da profecia. Sua irmã, Artemis, era a deusa da lua e ele o deus do sol. Afrodite, a deusa do amor, foi dada de presente por Zeus ao horrendo, em aparência, Hefesto por gratidão de serviços prestados, logo, temos a mais bela deusa com o mais feio dos deuses. Atena, Minerva na Mitologia Romana, era a deusa da sabedoria, é filha de Zeus sem mãe, surgindo da testa de Zeus. Mercúrio, Hermes na Mitologia Romana, era o deus das transições e das fronteiras e tinha como um de seus atributos correr como o vento. Dionísio, Baco na Mitologia Romana, filho de Zeus e Semele, era o deus do vinho, representando não apenas o lado intoxicante, mas também seus benefícios sociais.

O livro Idade da Fábula segue descrevendo várias outras divindades, mas as principais e as relacionadas com Final Fantasy são essas.

Visão de mundo

Nos primórdios, os gregos acreditavam que o mundo era plano e que, obviamente, eles estavam no centro do mundo, o ponto central podendo ser o Monte Olimpo ou Delfos. O disco da Terra era dividido de leste a oeste pelo Mar, como eles chamavam o Mediterrâneo, e sua continuação, o Euxino, os únicos mares que eles conheciam. Ao redor da Terra, fluía o Rio Oceano, seu curso indo de sul a norte na parte oeste e de norte a sul na parte leste. Os mares e rios recebiam águas do Rio Oceano. Ao norte, vivia uma raça chamada de Hiperbóreos, que viviam em uma eterna primavera perto das montanhas e das cavernas que sopram o Vento Norte que gela os hélas (gregos). A terra era inacessível por mar ou terra e viviam sem doença, velhice ou guerras. Ao sul, vivia outro povo chamado de etiópios, não sei se tem alguma relação direta com os etiópios dos dias de hoje. Ao oeste, estavam os Campos Elísios, onde mortais favorecidos pelos deuses eram levados sem morrer para gozar de uma bem-aventurança eterna.

Ou seja, os gregos no início da civilização não tinham ideia de quem eram seus vizinhos. Nas áreas que eles não conheciam, supunham ser povoado por seres mágicos como gigantes e monstros. Também sem conhecerem o que de fato acontecia, acreditavam que o Sol, a Lua e as estrelas surgiam do Oceano ao oeste e viajam pelo céu até o leste. A casa dos deuses é acima do Monte Olimpo na Tessália, mantido escondido por um portão de nuvens. O lugar realmente existe, mas até hoje não há relatos de alguém ter encontrado deuses. Cada deus tem a sua morada, mas todos vão ao Olimpo quando invocados por Zeus. A cada dia, os deuses banqueteavam com ambrósia e néctar no salão do palácio enquanto conversavam sobre assuntos terrenos e celestiais, com a música da arpa de Apolo e o canto das musas. Festão, hein? Quando o sol se punha, os deuses iam embora dormir em suas moradas.

As roupas dos deuses eram feitas por Atena e pelas as Graças. Hefesto, filho de Hera e Zeus, era o ferreiro dos deuses, tendo construído em bronze as casas dos deuses e de ouro fez os sapatos. Fez de bronze os corcéis que moviam as carruagens que moviam os deuses pelo céu ou por sobre as águas e que podiam se mover por conta própria. Também dotou de Inteligência as servas de ouro que foram criadas para servi-lo.

Criação do homem
O homem seria criado pelo titã Prometeu, que juntou terra e água e criou o homem à imagem dos deuses, com uma postura ereta para que, diferente dos animais, ele olhasse para o céu e as estrelas, e não a terra. Prometeu era um dos titãs, uma raça de gigantes que existia antes dos deuses. Cabia a ele e seu irmão, Epimeteu, a tarefa de criar o homem e dar a eles e a todos os animais o necessário para sua preservação. Epimeteu se encarregou dos animais, dando a cada um atributos de coragem, força, velocidade etc. e também garras, penas, cascas e etc. Chegando no homem, já não sobrou mais nada para dar e ele recorreu à Prometeu, que com o auxílio de Atena acendeu a tocha da carruagem de fogo e levou ao homem. Com o fogo, o homem conseguiu superar os animais, criando armas, ferramentas e aquecimento.

Prometeu é representado como um amigo da humanidade, que defendeu os homens e ensinou a civilização e as artes, porém, com isso desobedecendo Zeus. O mito diz que Prometeu foi acorrentado no Cáucaso, com um abutre lhe arrancando o fígado, que se renova conforme é consumido. Poderia acabar a tortura a qualquer momento se resignando a Zeus, porém, Prometeu não quis fazê-lo. Prometeu é um símbolo de resistência ao sofrimento e força de vontade de resistir à opressão.

A mulher ainda não foi criada e o mito diz que Zeus criou e mandou para o homem como forma de punição pelo roubo do fogo, mas a título de presente. A mulher se chamava Pandora, criada no céu com cada deus contribuindo para aperfeiçoá-la. Afrodite a deu beleza, Hermes persuasão, Apolo a música e assim por diante. Ela foi mandada para Epimeteu, que aceitou o convite apesar dos alertas de Prometeu quanto aos presentes de Zeus. Epimeteu tinha um jarro (não uma caixa), cheio de atributos nocivos que ele não colocou no homem. Tomada de curiosidade, Pandora olhou para dentro do jarro, fazendo com que esses elementos – inveja, cobiça, doenças etc. - saíssem do jarro e se espalhasse entre os homens. Pandora tentou fechar o jarro, mas já era tarde demais. Mas, no fundo, restou ainda a esperança, de forma que, seja lá qual mal se abata aos homens, sempre ainda resta esperança.

Outra estória, talvez mais plausível, é de que Pandora foi mandada de boa-fé e o jarro como um presente de casamento. Ao abrir o jarro, todas as bênçãos escaparam, exceto a esperança. Faz mais sentido a esperança estar junto com bênçãos do que males.

A história era dividida em três eras. A Era de Ouro foi a era de inocência e felicidade, onde verdade e justiça prevaleciam, sem ser necessário fazer cumprir leis. As florestas estavam intactas, as cidades não tinham sido fortificadas, não havia armas e a terra dava ao homem tudo que era necessário sem a necessidade de arar ou semear a terra. A primavera era eterna, flores floriam sem sementes, o rio fluía como leite e mel surgia do carvalho.

Em seguida, veio a Era de Prata, onde as quatro estações foram criadas, forçando os seres vivos a suportarem extremos de temperatura, e o homem se viu obrigado a arar e semear a terra. Depois veio a Era de Bronze, pior do que a de Prata, culminando na Era de Ferro, com uma explosão nos crimes, falsidades e destruição da natureza. Ferro e ouro passaram a ser produzidos e começaram as guerras. Os deuses abandonaram a terra, a última a partir sendo Astréia, Deusa da Inocência e da Pureza, filha de Têmis, Deusa da Justiça.

Vendo esse estado de coisas, Zeus convoca um concílio, em um palácio passando pela Via Láctea. Zeus decide destruir o mundo e popular novamente a terra com seres mais dignos e melhores adoradores dos deuses. A ideia inicial era jogar trovões, mas temendo que isso pudesse colocar o céu em chamas, resolveu inundar o mundo com chuvas e maremotos. O vento norte, que espalha as nuvens, foi encadeado: o vento sul foi solto e logo cobriu todo o céu e espalhou a escuridão pelo mundo. As nuvens romperam em chuvas e destruí lavouras e construções humanas. Não satisfeito com as suas águas, Zeus pediu auxílio a Poseídon, que soltou os rios e os lançou à terra. Toda a terra se cobriu de água e deixaria poucos sobreviventes entre homens e animais terrestes.


O Parnaso sobreviveu acima das ondas. E lá, Deucalião e Pirra, descendentes de Prometeu e fiéis adoradores dos deuses, ficaram como os únicos sobreviventes. Vendo apenas esses dois sobreviventes, Zeus ordenou que as nuvens dispersassem e Poseidon ordenou que os mares e rios retornassem. Deucalião e Pirra se voltam para um templo procurando as orientações dos deuses. Lá, uma deusa esclareceu o que eles deveriam fazer, que é sair do templo com a cabeça coberta e as vestes desatadas e depois atirar os ossos de seus antepassados. Pirra se recusou a profanar os restos de seus pais. Depois de refletir, Deucalião pensou que eles poderiam seguir essa ordem, jogado pedras, os ossos da terra, a mãe comum de todos. Eles assim fizeram e o resultado foi que as pedras arremessadas começaram a tomar forma semelhante à humana, mas ainda disforme como um barro. Passado algum tempo, as pedras arremessadas por Deucalião viraram homens e as pedras arremessadas por Pirra em mulheres. E essa é a origem da atual humanidade.

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