terça-feira, 13 de maio de 2014

Império Persa


Sobre Irã, eu vou falar sobre o Império Persa. Vou usar como base para esse vídeo o livro Forgotten Empire: The World of Ancient Persia. A gameplay será do jogo Prince of Persia, de 2008, que se passa na Pérsia Antiga.

Até 1935, o país que chamamos de Irã era conhecido como Pérsia no Ocidente. Provavelmente o primeiro império do mundo antigo, a origem do Império Persa está entre 1.000 e 600 antes de Cristo segundo escavações arqueológicas e epigráficas.

Mas as principais informações sobre o Império Persa vieram dos textos clássicos e começaram com a história de Ciro, o Grande, que viveu entre 557-530 antes de Cristo. Ele reinou na região de Anshan, no coração do que seria a Pérsia. No reinado de Ciro e seu pai, Cambises I, os persas conquistaram Ecbátana, Sardis, o reino de Lídia e a Babilônia. Em 539 a.c., Ciro derrotou o rei babilônico Nabonido e conquistou a Babilônia e se tornando senhor de toda a área do Crescente Fértil. Ciro autorizaria que os judeus, que tinham sido exilados da Babilônia desde 587 a.c., a retornarem. Depois, enviaria uma série de expedições chegando até Bactria-Spgdiana, onde estabeleceria uma série de fortes no rio Jaxartes, que se tornaria a fronteira norte do Império Persa. Nessas expedições, Ciro viria a morrer e há uma grande controvérsia sobre os detalhes específicos. O que sabemos é que ele seria enterrado em uma tumba em Pasárgada.

Durante o reinado de Ciro, o que era um pequeno reino acabou se tornando o centro de um enorme império, que se estenderia ainda mais com os seus sucessores. Ciro adotaria a tática de fazer alianças com as elites locais e respeitar os seus privilégios, além de respeitar a cultura e a religião locais.

Cambises II, sucessor de Ciro, conquistaria o Egito em uma campanha iniciada em 525. Depois, tentaria conquistar mais territórios na África e essa campanha resultaria em sua morte. Isso iniciou uma pequena crise no reino. O sucessor de Cambises II era um homem chamado de Esmérdis, sim, é esse o nome dele, e de fato Esmérdis subiu ao trono, mas um falso Esmérdis. O impostor foi desmascarado e uma série de nobres tramaram para o matar.

Dario seria o seu sucessor, mas tinha a legitimidade para o trono frágil e teria que lutar contra uma série de revoltas no Império em áreas como Babilônia, Média e na própria Persa. Após um ano, ele acabaria com a rebelião.

O longo reinado de Dario, entre 522 e 486 antes de Cristo, levou o Império ao seu apogeu. Nos primeiros anos de reinado, conquistaria Saka e anexaria o vale índico ao império. Em 513 a.c., iniciaria campanhas de conquista na Europa, indo para o Mar Negro e atravessando o Danúbio perseguindo exércitos Citas. No final, anexaria a Trácia e a Macedônia.

Dario criaria uma moeda com a sua imagem, a de ouro chamada Dárico e a de prata chamada Shekel, que é até hoje o nome da moeda israelense. Dario tentaria conquistar a Grécia na Primeira Guerra Médica, que teve a famosa batalha de Maratona e a derrota dos persas. Apesar desse revés, Dario conseguiu alguns objetivos, como a conquista das ilhas do Egeu. A essa altura, o Império Persa ia do Rio Índico aos Balcãs, mais o Egito mais ao oeste.

Foi durante o reinado de Dario que os palácio de Persépolis e Susa seriam construídos, suntuosos palácios que continham tábuas cujas inscrições nos permitem conhecer mais sobre o Império Persa.

Dario morreria e seu sucessor foi Xerxes I, que ficou famoso no filme 300. Xerxes tentaria conquistar a Grécia na Segunda Guerra Médica entre 480 e 479 antes de Cristo. Foi nessa guerra que teríamos a famosa Batalha de Termópilas, onde um pequeno número de gregos (incluindo 300 espartanos) bloqueou o caminho de um exército bem mais numeroso no Desfiladeiro de Termópilas. Os persas seriam novamente derrotados e os gregos se organizaram na liga de Delos, que ameaçou as posições persas no Mar Egeu.

Após o assassinato de Xerxes em 465 antes de cristo iniciaria uma disputa pelo poder, da qual Artaxerxes I emergiria vencedor. As sucessões seguintes seriam atribuladas e envolveriam tramas para assassinar reis e candidatos a rei e até guerras civis. Isso acontecia porque a Pérsia não era uma monarquia com regras de sucessão fixas, a força acabando por prevalecer durante as sucessões.

Essas guerras por sucessão acabariam por enfraquecer o império e dando oportunidade para que algumas províncias se revoltassem. Isso ocorreu com o Egito, que conseguiu se libertar do domínio persa no ano 402, embora os persas voltassem algumas décadas depois. O Egito foi o único que conseguiu a sua independência, mas não o único a se revoltar, mesmo durante reinados mais estáveis como o de Xerxes.

Além de conflitos por poder, guerras civis e revoltas de terras conquistadas, havia também revoltas de satrapias, uma espécie de governador da província. Eles eram indicados pelo rei, eram representantes de famílias nobres importantes e tinha uma série de poderes, como cobrar impostos e criar um exército, tendo o dever de manter a lei e a ordem nas províncias.

Apesar do prestígio no Império, era tentador se libertar e buscar exercer o poder absoluto nas províncias. Ocorreram diversas revoltas de satrapias, a principal delas se dando entre 366 e 359 antes de Cristo na Grande Revolta de Satrapias, que coincidiu com revoltas na Ásia Menor. Essa revolta acabou com o líder dos rebeldes percebendo que seria mais vantajoso interromper a revolta e então traindo os companheiros e os entregando para o governo real. Apesar de incômodas, essas revoltas nunca foram uma ameaça ao Império.

O Primeiro Império Persa teria fim com a invasão de Alexandre, o Grande, que derrotaria o rei Dario III. A derrota militar poderia indicar que o Império Persa estava em declínio, mas isso não é exatamente verdade. O Império teve condições de enfrentar o invasor macedônio, tendo capacidade de recrutar homens para o exército e os recursos para manter o exército, mas sendo superado por um exército oposto superior tática e estrategicamente.

Politicamente, Dario III ainda tinha poder no Império Persa e o apoio de satrapias, que só foram começar a ir para o lado macedônio quando percebiam que o Império estava afundando. As próprias cidades que estavam sob o domínio persa ficaram do lado de Dario III e resistiram contra os macedônios. Ao contrário, alguns povos receberam os macedônios como libertadores, como os babilônicos. Alexandre, o Grande, teve que adotar a mesma tática que era adotada pelos persas de fazer alianças com as elites locais para poder conquistar o Império Persa, o que mostra que havia uma coesão política dentro do império. No final, os persas não eram os piores dominadores que já existiram, respeitando bastante as tradições locais, mesmo que por motivos políticos e militares.

Ao invés de impor a nobreza macedônica sobre os persas, Alexandre deixou que a elite persa governasse o que era o Império e promoveu uma série de casamento entre a nobreza persa e macedônica.

O Império Persa acabou em 330 antes de Cristo com o assassinato de Dario III. Mas, como os autores do livro argumentam, é possível estabelecer o fim do Império em 323 antes de Cristo, quando Alexandre morreria e o seu império ruiria, incluindo a parte que antes era o Império Persa.

Bom, esse é o primeiro capítulo do livro, que falava sobre a história do Império Persa. Tem muito mais coisa no restante do livro sobre a cultura persa, mas eu não vou falar em detalhes, só falar o que tem em cada capítulo. No segundo capítulo, o livro trata das linguagens faladas no Império Persa, principalmente o Persa Antigo, o elamita e o acadiano, muitas inscrições nas ruínas do Império contendo as três línguas. No terceiro capítulo, a história da decifração da linguagem persa. No capítulo 4, descrições dos sítios arqueológicos ao longo do Império Persa, com atenção aos elementos comuns que existem entre áreas tão diferentes do Império. No capítulo 5, descrição mais detalhada dos palácios persas, chamados genericamente de apadanas, embora isso não seja muito preciso. O capítulo 6 é sobre a prataria utilizada nos banquetes reais e o capítulo 7 é sobre as joias e ornamentos pessoais. Esses capítulos contém uma série de fotos, ilustrações e descrições detalhadas dos temas em questão. Acho um tanto chato de ler, mas para quem tem interesse nesses aspectos culturais pode achar bem legal, principalmente pelas imagens.

A partir do capítulo 8 o livro volta a ser mais texto do que imagem, mas também é muito descritivo, o que torna meio chato de ler o texto. O capítulo oito é sobre religião, havendo uma boa dose de incerteza quanto a esse assunto. Até o rei Dario, não se sabia muita coisa da religião dos reis persas. Já os reis de Dario em diante se declarariam adoradores de Ahuramazda. Os sacerdotes eram conhecidos como magi e tinham a função de intérprete de sonhos e aconselhadores reais. Aliás, o falso Esmérdis era era um magus, singular de magi. No que se refere à rituais fúnebres, os persas tinham a superstição de que os elementos sagrados ar, solo, fogo e vento não deveriam ser profanados, por isso enterrar na terra estava fora de questão, pelo menos para os reis. A solução era guardar os corpos nas montanhas ou em tumbas, sem enterrar o corpo no solo. A mais famosa tumba é a de Ciro, onde Ciro, o Grande, está enterrado. A tradição dos magi era entregar os corpos para os pássaros e depois guardar os ossos.

Mas o aspecto mais importante de religião era a tolerância religiosa. Eles não apenas permitiam que os povos dominados seguissem a sua religião e as suas próprias tradições e rituais, como também financiavam a construção ou reconstrução de templos religiosos, como ocorreu com os judeus e os babilônicos. A única restrição era que a religião dos outros não deveria sofrer nenhuma interferência, uma das causas das Guerras Médicas sendo que os gregos insistiam em atacar templos de povos dominados pelos persas.

O capítulo 9 é sobre a administração do Império Persa, marcada principalmente pela flexibilidade e até certa tolerância. O rei não impunha aos territórios dominados a sua religião, sua forma de administração ou a sua língua. Essa era uma maneira de melhor administrar um império tão grande quanto o Império Persa. Além disso, foi desenvolvido um sistema sofisticado de estradas e entregas de cartas para diminuir as distâncias e aumentar a eficiência da administração real.

O capítulo 10 é sobre transportes e guerras. Como notado, o império era grande demais e era essencial ter meios adequados de transporte, além da administração descentralizada com satrapias. Os persas eram muito bons com o cavalo, tanto que tinha um ditado de que era ensinado às crianças três coisas: andar a cavalo, usar o arco e falar a verdade. Como o resto do livro, esse capítulo é bem descritivo e eu não vou entrar em todos os detalhes.

No capítulo 11, algumas considerações sobre a relação entre Grécia e Pérsia. O Império Persa conquistou algumas cidades gregas, mas nunca as principais, ou seja, Atenas e Esparta, mas sempre houve um intercâmbio forte entre gregos e persas até as Guerras Médicas. Após essas guerras, os gregos representariam os persas como fracos e bárbaros e talvez dai tenha surgido a ideia de que os persas eram menos desenvolvidos do que os gregos. E apesar da Pérsia ser uma monarquia e Atenas uma democracia, os persas não eram mais bárbaros por conta disso e tinham um comportamento civilizado em relação a seus súditos.


O último capítulo é sobre o legado da Pérsia Antiga, basicamente uma descrição histórica das buscas arqueológicas pelos restos do Império Persa após a queda do império de Alexandre, o Grande.

Nenhum comentário:

Postar um comentário