domingo, 13 de julho de 2014

Coisas da Suíça




Sobre Suíça, vou falar sobre coisas boas. Nos vídeos anteriores da série, falei sobre várias guerras, inclusive nos três vídeos imediatamente anteriores a esse. Agora, que tal falarmos sobre queijo e chocolate, observando a bela vista da Suíça no jogo Euro Truck Simulator 2?

A Suíça é famosa principalmente por três coisas: seus bancos, famosa nem sempre pelos motivos certos, seus queijos e seus chocolates. Nesse vídeo, falarei sobre os últimos dois temas: queijos e chocolates. Falarei ainda sobre alguns outros tópicos, tomando como base o livro Swiss Watching de Diccon Bewes. Esse vídeo vai dar fome, então pegue o seu Gruyère e seu Toblerone e vamos lá.

O primeiro fato a ser notado é que tem bastante vacas na Suíça, o número sendo estimado em 1,6 milhão. Isso serve principalmente para os queijos, mas também para chocolate.

A Suíça é o maior consumidor de chocolates do mundo, com 12 quilos per capita de vendas, o que acaba incluindo compras por turistas. Segundo a Associação de Fabricantes de Chocolates da Suíça, apenas 40% da produção aproximadamente é utilizada para consumo interno e o principal destino das exportações é a Alemanha. E a indústria do chocolate é relativamente pequena na Suíça, com receita de 1,6 bilhão de francos suíços, aproximadamente R$ 4 bilhões de reais, gerando apenas 4.400 empregos diretos. Em volume, as vendas de chocolate estão na casa das 179 mil toneladas.

Há diversos tipos de chocolates e sua origem remonta a América Pré-Colombiana, mas o chocolate de leite foi inventado por um suíço chamado Daniel Peter em 1875 na cidade de Vevey, onde ainda hoje é a sede da Nestlé. Ele entraria no mundo do chocolate ao se casar com a filha de um dono de fábrica de chocolate. Na época, chocolate era basicamente pasta de cacau com açúcar. A adição de leite veio não apenas para melhorar o sabor, mas também para reduzir os custos de fabricação. Isso se dava porque a Suíça não tinha colônias e era obrigada a comprar cacau e o açúcar, mas tinha leite de sobra no país. O primeiro teste não foi bem sucedido, já que leite normal é muito aguado, mas, por sorte, Peter tinha a Nestlé por perto com o seu leite condensado.

O chocolate suíço então se tornaria famoso com os turistas levando os produtos para toda a Europa. Outros chocolates famosos surgiriam nessa época, como o Toblerone de Theodor Tobler, a Lindt e a Milka de Philippe Suchard. Menos famosa fora da Suíça, a Callier do sogro de Peter pode ser visitada hoje em dia no município de Broc, no distrito de Gruyère, no cantão de Friburgo.

Falando em Gruyère, vamos falar de queijos, o consumo per capita na Suíça sendo de 15,9 quilos por ano só de queijos suíços. A maioria dos tipos de queijo deriva o nome do local onde são feitos e o Emmental não é diferente, exceto por se tratar de uma região, não de uma cidade. Emmental é aquele queijo amarelo cheio de buracos, ou olhos, usando a terminologia técnica, produzidos pelo ácido propiônico das bactérias. Não parece muito bacana, mas é perfeitamente seguro. Para o puro Emmentaler, o verdadeiro queijo produzido em Emmental, são necessários doze litros de leite para produzir um quilo de queijo e cada pedaço tem um metro de diâmetro e 25 centímetros de profundidade e pesa 120 quilos. Por conta disso, não é comum encontrar pedaços triangulares, já que seria necessário uma fatia com 50 centímetros de cumprimento. O Emmentaler é produzido com leite tirado há menos de 12 horas e levam um selo de procedência parecido com o que alguns vinhos finos levam.

Assim como chocolate, os queijos suíços se notabilizam pela qualidade acima da quantidade, sendo produzidas por volta de 180 mil toneladas por ano, um terço desse volume se destinando à exportação. Os produtores usam leite de centenas de vilas suíças e a maioria utiliza métodos modernos, embora alguns ainda cozinhem o leite em panelas de cobre com forno à lenha. (8)

Emmental é o queijo da região alemã, por assim dizer, da Suíça e Gruyère é o principal queijo da região francesa produzido em Gruyères (a cidade tem um s no final), uma pequena vila que tem basicamente restaurantes e lojas para turistas atraídos pela fama de seu queijo. Assim como o Emmental requer 12 litros de leite para produzir um quilo, mas um pedaço de Gruyère tem por volta de 60 centímetros de diâmetro e pesa 35 quilos. Também tem selo de procedência, mas não tem os buracos/olhos.

O fondue é um prato típico suíço originado na região francesa, mas que se espalhou por toda a suíça e que combina duas paixões locais: queijo e chocolate (em momentos separados, é claro). E como em vários aspectos da cultura suíça, há toda uma tradição e etiqueta em volta do fondue. A primeira é que o seu garfo não deve nunca, em momento algum tocar sua língua, lábios e dentes, pelo simples motivo de que ele voltará ao pote. Ninguém parece ligar muito para isso, mas os suíços sim. Em segundo lugar, nunca beba nada borbulhante, e sim vinho branco ou chá preto. Por fim, aquela crosta de queijo que sobra no fundo do pote não deve ser ignorada e os suíços inclusive acham que é a melhor parte do fondue. Um prato parecido com o fondue é o raclette, onde o queijo é aquecido e depois raspado no prato, por isso o nome, racler sendo raspar em francês.

Sobre o tópico comidas típicas, tem o muesli, um cereal matinal desenvolvido pelo médico Maximilian Bircher-Benner para dar aos pacientes, a receita original contendo aveia, água, limonada, leite condensado e maça ralada. Hoje em dia, usam leite, iogurte e frutas frescas.

A linguiça suíça é chamada de cervelat, muito popular no país com consumo de 160 milhões de unidades por ano. É uma mistura de carne bovina, carne de porco e bacon enrolada com intestino de boi. Esse último elemento está ameaçando essa “instituição nacional”, já que desde 2008 está banido da União Europeia. Desde então, os suíços estão em busca de um substituto para não deixar a cervelat morrer. Os suíços também são apreciadores de maça de tudo quanto é jeito, em especial o Apfelmus, o puré de maçã.

Saladas também são bem populares como entrada na Suíça. O inconveniente é que eles não costumam cortar as folhas, deixando-as inteiras. A questão é: como comer assim? A maneira elegante é enrolar as folhas maiores no garfo e comê-las de uma vez. Elegante, mas que requer certa prática. Outra maneira, bem menos elegante, é comer inteira mesmo sem enrolar no garfo. A terceira é cortar, muito prática, mas não é assim que se faz na Suíça. Salada mista na Suíça não é uma salada com um misto de vegetais, e sim um misto de saladas em uma só. E a etiqueta para comer essa salada, ou qualquer outro prato, é de não misturar tudo em uma garfada só, e sim pegar um tipo de alimento de cada vez.

Se convidado para uma festa na casa de um suíço, duas coisas a se ressaltar. Primeiro, que é a norma levar um presente, uma garrafa de vinho, por exemplo. Em segundo lugar, o convidado não ajuda o hóspede, e insistir em ajudar pode dar a impressão de que você não acha o hóspede competente suficiente para cuidar de tudo. No caso de um jantar no restaurante, quem convida paga a conta inteira, sempre. Na hora do brinde, não basta erguer o copo ou a taça, brindar, dizer “Saúde!” e beber. É necessário estabelecer contato visual com quem você brinda, dizer zum Wohl e o nome da pessoa, uma por uma na mesa, e só beber quando todo mundo acabar de fazer isso. E na hora de comer, não comece até que o anfitrião diga Em guete, uma espécie de “Bom apetite!”. Não só em jantares de família, mas em todas as ocasiões os suíços dizem em guete um para os outros antes das refeições. Nos restaurantes, a boa notícia é que não tem gorjeta ou serviço, a má é que o serviço é muito ruim.

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