domingo, 13 de julho de 2014

Sussurros do Coração




Bem-vindos de volta a Ni no Kuni. Nesse vídeo, eu vou falar sobre o filme Sussurros do Coração, ou Se você escutar atentamente em uma tradução livre do título em japonês. Esse é um anime do Studio Ghibli que não foi dirigido pelo Hayao Miyazaki, e sim por Yoshifumi Kondō e que tem uma relação com outro anime que eu comentei, o Reino dos Gatos, lançado sete anos depois.

Primeiro, um resumo do enredo. O filme conta a história de uma garota chamada Shizuku Tsukishima. Ela adora ler e toma emprestado vários livros na biblioteca da escola, além da biblioteca pública. Ela vive com os pais e com a irmã mais velha, Shiho. Sua melhor amiga é Yuko Harada, que não tem uma participação decisiva no enredo, mas aparece em várias cenas com Shizuku.

Shizuku percebe que nas notas da biblioteca dos livros que ela pega emprestado aparece com frequência o nome de Seiji Amasawa. Ela começa a se imaginar como ele é e busca conhece-lo pessoalmente.

O começo do filme é bem monótono e eu não vou lembrar de todos os detalhes. Um dia, ela estava andando de trem e tinha um gato gordo ao seu lado. Ele desce do trem e ela o persegue. O gato a leva até um antiquário, onde estava um velhinho consertando um relógio antigo. Sob uma mesa, estava uma estátua de gato elegantemente vestido. Ele é o barão Humbert von Gikkingen, o mesmo do Reino dos Gatos, mas que é só uma estátua nesse filme. E, sim, o gato gordo se chama Muta, mesmo nome do gato gordo do Reino dos Gatos, mas que não fala e tem uma aparência diferente.

Em várias ocasiões, Shizuku encontra um garoto que a ajuda, por exemplo, encontrando o livro que ela tinha perdido, mas que dava uma alfinetada nela. Shizuku escrevia a letra de uma música para o coral e ele tinha feito uma sugestão de mudança, e ela passa o caminho para casa o chamando de idiota.

Shizuku voltaria ao antiquário em outras ocasiões, mas sempre o encontrava fechado. Um dia, viu aquele garoto que eu mencionei anteriormente. Esse garoto é neto do velhinho com quem Shizuku falou outro dia e ele a deixa entrar. Ele mostra o barão para ela, que pensou que o velhinho tinha vendido. Em seguida, mostra o seu quarto e os violinos que ele está fazendo. Ela pede para que ele toque uma música e ele concorda, desde que ela canta. Ele toca, ela canta e o velhinho e mais dois homens voltam e começam a tocar vários instrumentos também.

E é aqui que Shizuku fica sabendo que ele se chama Seiji Amasawa, o mesmo das notas da biblioteca. De início, suas fantasias meio que se estilhaçam, já que ela tinha uma imagem diferente de Seiji Amasawa.

Ele conta que tem o sonho de ir para Cremona, para aprender a fazer violinos. Seu avô o incentiva, mas há a resistência por parte dos pais dele. Aliás, eu tenho uma certa relação com Cremona, nada a ver com o Studio Ghibli. No Football Manager, ou até mais precisamente, no Championship Manager 01/02, que depois viraria o atual Football Manager, eu treinei a Cremonese da cidade de Cremona na Itália e levei da Série C para ser líder da Série A. Eu tenho uma certa afeição por cidades que eu treinei no Football Manager com times pequenos, como Leicester, além de Cremona.

Enfim, fecha parênteses. Seiji vai procurar por Shizuku na sala dela na escola e todo mundo pensa que ele é o namorado dela. Eles vão conversar e sobem até o telhado da escola. Lá, Seiji conta que obteve a permissão para estudar em Cremona por dois meses, onde ficaria como aprendiz. Depois disso, se fosse aprovado, ficaria mais tempo lá estudando e não cursaria o Ensino Médio. Essa cena é engraçada porque os colegas de Shizuku seguem os dois e fica um bando de curiosos ouvindo os dois.

Depois disso, vemos uma coisa interessante sobre Shizuku. Ela estava meio confusa sobre o que fazer da vida e a essa altura já era óbvio que ela estava apaixonada por Seiji. Ela então se decide a escrever uma história, meio que para fazer um paralelo com Seiji. Ela não queria ser deixada para trás enquanto Seiji perseguia o seu sonho e progredia.

Shizuku pede ao avô de Seiji para contar a história do Barão, que ele havia contado a ela. O avô de Seiji concorda, desde que ele fosse o primeiro a lê-la. Shizuku então se dedica totalmente a essa tarefa, ficando o dia inteiro escrevendo ou pesquisando na biblioteca. Em casa, ela nem tira o uniforme escolar e vai direto escrever.

Ela negligencia os estudos e as tarefas domésticas e isso se reflete nas notas dela. Um dia, é pressionada pela irmã por conta disso e o pai se encarrega de ter uma conversa com Shizuku. Essa é uma cena bacana, porque o pai não repreende Shizuku e tenta entender a situação. Shizuku não diz o que está fazendo, apenas que é importante e que coloca isso acima dos estudos. O pai dela concorda com essa situação e dá apoio a ela, mesmo sem saber o que ela está fazendo, e admira a sua perseverança. Diria que o pai de Shizuku é um dos personagens mais admiráveis dos filmes do Ghibli até por estar em uma situação mais próxima da nossa realidade. O único problema é que ele fuma dentro de casa e na frente das crianças...!

Depois de um tempo, ela termina a sua história e a leva ao avô de Seiji. Ele elogia o seu trabalho, ela mesma admite que não está bom e ele diz que é uma boa história que só precisa ser lapidada. Depois, ele conta a história do barão e dele próprio. Antes da Segunda Guerra, ele foi para a Alemanha, onde encontrou o Barão. Sua namorada tinha a namorada do Barão e quando eles se separaram prometeram se reencontrar e unir também o casal de estátuas, o que nunca ocorreu.

No final do filme, Seiji retorna de Cremona, aparece na casa de Shizuku na madrugada e os dois vão para um lugar secreto de Seiji. Lá, ele diz que tinha propositadamente pego livros emprestados para colocar o seu nome antes de Shizuku, para que ela o visse. Ou seja, Seiji já era um admirador secreto dela antes que ela fosse admiradora dele. Então, ele a pede em casamento, não para agora, mas para quando puder, quando terminar seu curso de fabricação de violino, e ela aceita.

Essa é uma história de amor mais direta do que o Reino dos Gatos e é uma boa história de amor, com algumas coincidências forçadas, mas tudo bem. Não é um amor muito físico, por assim dizer, mas é bacana, tem dedicação, comprometimento, entrega etc.

É um filme agradável de assistir, apesar de ser um pouco monótono, principalmente no começo. Também demora para o filme adquirir certa seriedade e gravidade, mas quando a história de amor de Seiji e Shizuku pega de vez, fica bem interessante. Não é dos melhores filmes do Studio Ghibli, mas é um bom filme.

Achei um filme um pouco melhor do que o Reino dos Gatos, apesar de ser meio chato no começo. E deixa uma mensagem bacana, de ir buscar os seus sonhos e também de ter comprometimento e dedicação no amor.

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